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Morar na rua - Uma opção ou circunstâncias da vida?

João Carlos da Costa

As grandes cidades estão se notabilizando pelo acréscimo do número de pessoas que estão saindo de suas casas para morar nas ruas. Mas o  que significa dormir nas ruas? Ninguém parece notar as pessoas que não têm para onde ir  ou remexendo lixo para buscar comida para saciar a fome. Chega a noite  é hora de buscar um canto para dormir. Muitos deles estão nas ruas porque perdem a família e a esperança de viver. Pessoas que outrora vestiam terno e gravata e vão para as ruas por motivos diversos, até mesmo para recuperar a confiança. Pessoas voluntárias buscam soluções, vivendo, inclusive, as mesmas situações para ajudar os moradores de rua e isso faz com que o incentivo à solidariedade fique sempre presente.

Missionários são vistos à noite, até escolhem lugares idênticos, para sentir a mesma sensação que os moradores sentem vivendo à míngua. Alguns  moradores de rua não gostam de aparecer quando filmados, outros querem contar a própria história, um misto de drogas e abandonos familiares. Muitos percorrem longas distâncias, para viver em cima de papelões e poucos cobertores, trocando o conforto de uma cama pelas durezas do chão. Caravanas de instituições distribuem alimentos aos moradores de rua, principalmente nos dias de frio. E quando isso acontece, através das conversas  também são descobertas algumas pessoas que  não moram nas ruas, mas que dependem das “quentinhas”. Problemas de quem nem imagina, como correr na rua em busca da própria cama, no caso papelões encontrados em entulhos de obras ou portas de lojas.

O silêncio toma conta da noite e alguns conhecem a generosidade da rua, solidária entre os próprios moradores, que dividem o que conseguem. Muitos há muito não vêem filhos, mães. O medo é uma constante, não só da polícia, como de jovens violentos que os agridem sem qualquer motivo.

Viver na rua cansa e esgota. O despertar ocorre sempre junto com a cidade, onde os despertadores são naturais, sejam os transeuntes, o barulho do trânsito, que pela manhã é bastante agitado e o comercio, que aos poucos vai abrindo as portas.

A primeira noite, provavelmente não é fácil pra ninguém. As brigas são constantes na disputa pelo melhor lugar ou pelos centavos arrecadados nos pedidos de ajutório,  porém com o tempo  alguns se acostumam.

Alguns aceitam convites de centros de recuperação e conseguem a liberdade da vida para a mudança, na tentativa de se livrar de vícios malévolos como a bebida e outras drogas nocivas, como o crack e cocaina. Outros, quando decidem mudar de ponto carregam tudo nas costas, como  se fossem moradias ambulantes e quando encontram um lugar mais ou menos adequado procuram conservá-lo como se fosse uma casa de verdade. Têm seus momentos de alegria, de fazer  a higiene pessoal. A maioria está nas ruas devido aos vícios, como anestesia antipânico.  Dentre eles estão pessoas que  deixaram para trás patrimônios e outros bens, formações superiores ou boas instruções, mas que acreditam que nas ruas encontram a liberdade que sempre buscaram.

A vida na rua começa geralmente entre quatro paredes: conflitos domésticos e familiares, o uso de drogas e doenças mentais. Esta última, inclusive, que contrapõe o dizer que precisa ser louco pra viver assim.  Alguns se tornam bastante conhecidos e, frequentemente, ganham apelidos ou codinomes, alimentando lendas contadas de formas distorcidas da realidade, com passado conhecido ou desconhecido. Muitos conseguem viver dessa maneira por anos viver assim por anos a fio sem adoecer ou perecer. Não se sabe se existe algum segredo ou a sobrevivência é exceção e não a regra. A regra é eles morrerem precocemente. Pesquisas apontam que em média, vivem até cinco anos nesta vida, principalmente quando  vão para as ruas doentes. Por outro lado, aqueles que aceitam, são tratados por agentes sociais e conseguem manter a saúde, mesmo que de forma precária, por muito tempo.

A amizade faz diferença entre os moradores de rua e comerciantes  que fornecem algum tipo de alimento e são um porto seguro para eles.  Os sonhos perdidos daqueles que se juntam numa população de anônimos sem nenhum objetivo, às vezes renascem pelas oportunidades oferecidas. Parentes choram muitas vezes, na tentativa incessante pare recuperar aquela ovelha perdida.

Novo caminho

Clínicas oferecem tratamento continuado e conseguem recuperar, mudando a vida daqueles que aceitam mudar de vida. Entre essas pessoas “abandonadas”, que vão para as ruas por depressão ou outros problemas, estão também muitos talentos, que podem ser resgatados.

As instituições sociais os acolhem e procuram lhes dar o melhor. As equipes do resgate social se esforçam para dar  o atendimento para livrar o pessoal do frio e da morte, no inverno. Apesar das privações, muitos encaram a vida com sorriso.

O medo de assassinatos nas grandes cidades faz com que muitos moradores de rua fiquem apreensivos, quando anoitece, porque muitos ataques  acontecem  por  suposto envolvimento com drogas. Alguns lugares não inspiram segurança para essas pessoas, devido a esses fatos e muitos passam a noite zanzando, em vigília, sem dormir direito, sem saber de quem se defender e aí, procuram abrigo em instituições religiosas por não ter mais laços familiares. A violência é cruel. Mas é possível sair da rua e recomeçar a vida, principalmente para aqueles que saem das suas casas por motivos de violência doméstica. Entre o sonho e a realidade, quando há uma longa distância, o pesadelo acontece. Se há interesse na ajuda a reviravolta pode acontecer, desde que com apoio suficiente e dedicação, a mudança pode ocorrer rapidamente.

João Carlos da Costa

Bel. em Direito (aprovado na OAB), Bel. Químico, Professor e Escrivão de Polícia. F. 9967-3295 e-mail: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

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