PF: Deputados do PL usavam grupo armado, extorsão e dinheiro vivo

Maranhãozinho (PL-MA)  Grupo liderado pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL-MA), com a participação dos deputados Bosco Costa (PL-SE) e Pastor Gil (PL-MA), teria utilizado um grupo armado, extorsões e saques em dinheiro vivo para desviar emendas parlamentares destinadas a prefeituras do Maranhão. A informação consta nas investigações da Polícia Federal (PF) repassadas ao Supremo Tribunal Federal (STF).

As investigações culminaram na realização de uma operação de busca e apreensão realizada pela corporação nesta sexta-feira (11/3), em endereços ligados aos três parlamentares, que negaram as acusações por meio de redes sociais.

Trechos da investigação divulgados pelo jornal O Globo revelam que o deputado Josimar de Maranhãozinho é apontado como o líder da organização criminosa. Além disso, um agiota de nome Josival Cavalcanti da Silva, conhecido como Pacovan, supostamente emprestava recursos aos parlamentares e recebia de volta pagamentos em dinheiro desviados de emendas parlamentares.

"O deputado federal Josimar Maranhãozinho é quem está à frente da estrutura criminosa, capitaneando não somente a destinação dos recursos públicos federais oriundos de emendas (próprias e de outros parlamentares comparsas) para os municípios, mas também orientando a cobrança (utilizando, inclusive, de estrutura operacional armada), ao exigir dos gestores municipais a devolução de parte dessas verbas", afirma a PF.

Além disso, investigadores identificaram ao menos três pessoas que atuariam como braço armado na extorsão dos prefeitos, conforme relatado à PF pelo prefeito da cidade maranhense de São José de Ribamar, Eudes Sampaio. O político contou ter sido alvo de extorsões do grupo

A corporação apreendeu documentos e identificou emendas parlamentares no valor de cerca de R$ 5 milhões que teriam sido usados nos desvios. O deputado Bosco Costa, que é do estado de Sergipe, destinou uma emenda de R$ 4 milhões à prefeitura de São José de Ribamar. O objetivo era que R$ 1 milhão, o equivalente a 25%, retornasse em dinheiro vivo aos parlamentares.

"Essa atuação causa ainda mais estranheza se levarmos em consideração que o referido parlamentar foi eleito pelo estado de Sergipe, porém encaminha emendas de alto valor para o Maranhão (base da organização criminosa), indicado que este estado pode ter se tornado um paraíso para o desvio de emendas parlamentares", diz a PF.

A investigação também obteve trocas de mensagens e conversas entre os integrantes do grupo criminoso. Em áudio enviado por Pacovan ao deputado Maranhãozinho, em 9 de junho de 2020, o agiota se queixa que o "homi lá do Ribamar (prefeitura onde ocorriam os desvios)" só aceitava negociar diretamente com o parlamentar.

“Deixa eu te falar, ontem eu fui atrás do homi lá do Ribamar. Tentei falar com ele, ele disse que só senta se for contigo. Entende? Ele só paga se for pra você. Ele só resolve as com você. (...) Eu não posso perder, entendeu? Que é 6 milhão. Entendeu? Vai dar um milhão e meio. Que ele tem pra me pagar. E aí e eu perder esse dinheiro? (...) Me diz aí. Qual é a minha situação? (...) É seis milhão e pouco. Vai dar quase um 1,6 milhão de devolução”, diz o áudio.

Em nota, Maranhãozinho afirmou que contribui e colabora com as investigações "sem medo e sem restrição". "Por essa razão, não consigo entender a espetacularização do ocorrido, que parecer ter sido orquestrado para gerar grande e rápida repercussão na imprensa regional e nacional. Por isso me pergunto se o objetivo é apenas denegrir minha imagem na tentativa de me tirar da disputa eleitoral", afirmou o deputado, em redes sociais.

Também em perfil de redes sociais, Bosco Costa negou ter participado de qualquer ato ilícito. O deputado Pastor Gil afirmou que não cometeu irregularidades e disse que "a improcedência dos fatos" sob investigação será comprovada.

Caixa de dinheiro

Em dezembro passado, O Globo também mostrou trechos de vídeos gravados em ação controlada da PF nos quais o deputado Maranhãozinho entrega uma caixa de dinheiro a um aliado, obtidas por meio da Operação Descalabro. Nessa investigação, a PF concluiu que o parlamentar desviou recursos de emendas destinadas a prefeituras do Maranhão.

O relatório final foi enviado na semana passada ao Supremo Tribunal Federal (STF), sob sigilo. Caberá agora à Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliar se apresenta denúncia contra Maranhãozinho.

Fonte: https://www.em.com.br