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Fetos na rede de esgoto

Ao menos sete fetos foram encontrados em estações de tratamento da Sanepar neste ano; em meio a discussões, mulheres seguem desamparadas

rede de esgotoLondrina – Sete fetos já foram encontrados em estações de esgoto ou instalações da Sanepar neste ano. O caso mais recente aconteceu no último dia 6 de agosto, na estação elevatória de esgoto do Jardim Monte Carlo, em Arapongas (Região Metropolitana de Londrina). O corpo pesava menos de 500 gramas e foi visualizado por um técnico de limpeza, que comunicou ao engenheiro da companhia. A Polícia Civil foi acionada e abriu um inquérito. O feto foi encaminhado para o Instituto Médico-Legal de Apucarana.

Segundo o agente do IML Áureo Francisco Silva Filho, o feto ficará acondicionado em uma câmara frigorífica por 30 dias. Se os pais não o reclamarem até o fim desse prazo, o IML poderá lhe dar um destino que não será o sepultamento. "Ele não tem peso suficiente para isso. Se ninguém vier reclamar o feto, solicitaremos a um juiz qual a melhor destinação para ele", afirma. Entretanto, pela sua experiência, Silva Filho diz que "ninguém irá assumir que fez isso."

O último caso identificado de abandono de feto no Paraná foi o de uma mulher de Curitiba, que abandonou os gêmeos no Bairro Alto, no dia 20 de maio. Ela teria realizado o aborto uma semana antes de ter sido identificada pela Polícia Civil.

No Brasil, o aborto é considerado crime, previsto no Artigo 124 do Código Penal Brasileiro (CPB), com detenção de um a três anos para quem provocá-lo em si mesma ou consentir que outros lhe provoquem. No entanto, o tema é complexo e possui defensores e detratores. A Anistia Internacional (AI) defende que a decisão deve ser da gestante, mas grupos de Direitos Humanos são contra.

Levantamento feito pela reportagem apurou pelo menos dez casos de abortos clandestinos noticiados na imprensa neste ano no Estado: seis ocorrências na Região Metropolitana de Curitiba, um no Boqueirão e um no Terminal Pinheirinho, na capital paranaense, outro em Ponta Grossa (Campos Gerais) e um em Cafelândia (Região Oeste) .

CULPA


"Se aconteceram tantos casos noticiados, imagine o número que nem chega ao nosso conhecimento", afirma a psicóloga e professora da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Mary Neide Damico Figueiró, que trabalha na área de educação sexual há 25 anos e fez uma pesquisa sobre o aborto.

Apesar de demonstrar preocupação com os relatos, ela no entanto pondera que é preciso um olhar amplo sobre o assunto, sem culpabilizar exclusivamente a mulher. "A mulher pode estar passando por um momento extremamente difícil, não quer ter filhos naquele momento, não aceita a gravidez e muitas vezes, quando descobre que está grávida, ela está sozinha, sem apoio algum da família ou da pessoa que ajudou a conceber a criança", pondera. "Uma criança nunca é gerada sozinha, mas o homem nunca é questionado e nem responsabilizado por isso. Isso é uma questão de gênero", pontua.

A psicóloga ressalta que a opção pelo aborto clandestino acontece em decorrência da criminalização da prática no Brasil, que impede que a pessoa possa optar por ser atendida em um ambiente adequado ou ser ouvida por uma equipe de profissionais. "Ela até pode ser convencida de que o aborto não é a melhor solução", aponta.

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