Especialista em 'golpe do Pix' é preso no Paraná após ser denunciado em 23 boletins de ocorrência e causar prejuízos que superam R$ 400 mil

n02142 Mateus Prado Ortiz acumula 23 boletins de ocorrência por aplicar golpes do falso pix — Foto: Reprodução/Redes sociais

Mateus Prado Ortiz, de 26 anos, foi preso preventivamente após ser denunciado em 23 boletins de ocorrência por aplicar golpes do "falso Pix", em diversas cidades do Paraná. A investigação da Polícia Civil (PC-PR) apontou que ele é suspeito de causar prejuízos que, somados, superam os R$ 407 mil.

A prisão foi na última segunda-feira (10), em São Mateus do Sul, no Sul do Paraná. Ele foi localizado enquanto tentava aplicar um golpe ao comprar carne em um açougue da cidade.

Conforme o delegado Gabriel Munhoz, os golpes foram aplicados em Ponta GrossaIratiCastro, São Mateus do Sul, Piraí do Sul e em Curitiba, entre 2022 e janeiro de 2025.

"Esse homem basicamente utilizava do mesmo modus operandi, ou seja, ele entrava em contato com pequenos e médios comerciantes, principalmente relacionados à venda de ferramentas ou pneus, e enviava Pix falso a esse lojista. Acreditando tratar-se que de fato aquela aquela transferência tinha sido realizada, o lojista proporcionava a entrega dos bens a esse golpista, que normalmente enviava motorista do aplicativo ou ia buscar esses produtos", explicou o delegado.

Atualmente, Mateus responde a diversas ações penais em diferentes comarcas do estado, incluindo processos por estelionato e crimes contra o patrimônio.

Especialista em 'golpe do Pix' é preso no Paraná após ser denunciado em 23 boletins

Conforme o delegado, Mateus chegou a ser preso em julho de 2024, mas foi solto em setembro do mesmo ano.

No momento, Mateus permanece à disposição da Justiça na cadeia pública de São Mateus do Sul. De acordo com o delegado, ele será ouvido nesta semana e, em seguida, o processo será encaminhado ao Ministério Público (MP-PR).

A advogada Micheli Toporowicz, que atua na defesa de Mateus, disse que só vai se manifestar sobre o caso depois que tiver acesso integral a todos os autos.

Homem é preso em São Mateus do Sul por aplicar R$ 500 mil em golpes

Homem é preso em São Mateus do Sul por aplicar R$ 500 mil em golpes

Último golpe foi em empresa de pneus

O delegado responsável pelo caso explicou que a prisão de Mateus ocorreu a partir de um inquérito que investiga um dos golpes aplicados pelo homem, em 2024, contra uma empresa de pneus em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais.

Na ocasião, ele negociou pneus no valor de R$ 10.137 mil e apresentou comprovante falso do Pix no pagamento.

Munhoz explicou, considerando a situação e os demais boletins contra Mateus, que considerou as ações dele como reiteração criminosa e um risco à ordem econômica.

O delegado informou que Mateus também aplicou golpes relacionados a automóveis, na compra de produtos em mercado, em lojas de roupas e em outros estabelecimentos, sempre com a mesma técnica.

Em um dos casos, o jovem morou junto com a mãe em um hotel de Ponta Grossa, por cerca de meio ano, e ficou devendo R$ 70 mil em diárias.

 

Fonte: https://g1.globo.com/pr/campos-gerais-sul/noticia/2025/02/12/especialista-em-golpe-do-pix-e-preso-no-parana-apos-ser-denunciado-em-23-boletins-de-ocorrencia-e-causar-prejuizos-que-superam-r-400-mil.ghtml

Polícia Federal investiga morador de Londrina por produzir e enviar passaportes falsos para Europa e Estados Unidos

n02101 Policiais federais cumpriram mandados de busca e apreensão na manhã desta sexta-feira (7) contra um morador de Londrina, no norte do Paraná. Segundo a Polícia Federal (PF), ele é acusado de produzir e enviar passaporte falsos para oito países da Europa e para os Estados Unidos.

De acordo com a Polícia Federal, as pessoas faziam contato com o falsificador pela internet. Depois, ele produzia os documentos no próprio apartamento e os enviava por meio de uma empresa de logística internacional, sediada em São Paulo.

Os passaportes eram postados em envelopes na unidade da empresa em Londrina, iam para São Paulo e, depois, eram despachados para o exterior, sendo que a maioria dos destinatários eram de nacionalidade brasileira.

Até o momento foi identificada a confecção de passaportes falsos de países europeus, tais como Portugal, Itália, França, Espanha, Holanda, Bélgica e Irlanda. De acordo com a PF, o principal objetivo das pessoas que adquiriam esses documentos, era usá-los para conseguir emprego.

Na manhã desta sexta-feira (7), os agentes da PF foram até três endereços que estavam em nome do suspeito, de 39 anos. Contudo, materiais que possivelmente fazem parte da falsificação dos documentos só foram encontrados no apartamento onde ele mora, no bairro Gleba Palhano.

Ao todo, foram apreendidos computadores, tintas, impressoras, placas de metal, veículos e uma moto aquática, além de folhas para produção de carteira de habilitação brasileira e passaporte brasileiro. Todo o material passará por análise pericial.

Conforme a Polícia Federal, o homem não foi preso, pois não havia nenhum mandado de prisão contra ele. Também não houve flagrante, pois no momento da visita da polícia ao apartamento dele, o suspeito não estava produzindo ou enviando os documentos.

Apesar disso, o homem confessou aos policiais que já havia sido preso anteriormente na Inglaterra, por falsificação de documentos. Dessa vez, a suspeita é de que o esquema esteja ocorrendo há dois anos.

Após o término da análise dos materiais, o suspeito será intimado a comparecer a delegacia, segundo a PF.

PF está investigando homem que falsificava passaportes em um apartamento em Londrina — Foto: Polícia Federal

Empresa de logística descobriu o crime

O esquema foi descoberto em abril de 2024, durante uma fiscalização de rotina da própria empresa de logística. Conforme o delegado da PF, Joel Moreira Ciccoti, os envelopes passaram por uma inspeção por meio de um raio-x.

"Verificando que havia indício de que o que estava ali poderia ser ilegal, a empresa fez a inspeção física, constatando que se tratava de passaportes estrangeiros emitidos em Londrina. Então ela encaminhou a denúncia para a Policia Federal de São Paulo para tomar as providencias", explicou o delegado.

Foram cerca de 20 apreensões, ocorridas em datas diferentes, sendo que em algumas encomendas havia mais de um passaporte falso. Em alguns casos, a foto era da mesma pessoa, embora os nomes grafados nos documentos fossem diferentes.

Além disso, o suspeito tinha gráfica em Londrina, que funcionava como uma empresa de faixada. Ele contratava entregadores para levar os documentos até o centro de logística e fazia com que eles assinassem os envelopes, para tentar dificultar a identificação dele.

Entretanto, a empresa conseguiu chegar até o suspeito, por meio dos pagamentos dos serviços, que eram feitos por ele e, na maioria das vezes, por pix.

De acordo com o delegado, a partir da análise dos materiais será possível descobrir se há outras pessoas envolvidas no esquema e chegar até as pessoas que estavam adquirindo os documentos.

Ciccoti também informou que o homem poderá responder por falsificação de documento público e lavagem de dinheiro, com penas, que se somadas, podem chegar a 16 anos de prisão.

"Depois da análise dos materiais ele será indiciado e o resultado disso tudo será encaminhado a Justiça Federal e ao Ministério Público Federal, para que promova uma ação penal e ele seja processado e julgado", explicou o delegado.

Fonte: https://g1.globo.com/pr/norte-noroeste/noticia/2025/02/07/policia-federal-investiga-morador-de-londrina-passaportes-falsos.ghtml

Policial civil é morto após atirar na namorada e em colegas em estacionamento de delegacia

Um policial civil de 29 anos morreu em um tiroteio na 59ª DP (Duque de Caxias) na manhã desta terça-feira (4). Outras quatro pessoas ficaram feridas.

De acordo com a polícia, o agente, que era lotado na distrital, atirou na namorada quando os dois estavam no estacionamento da delegacia. Em seguida, ele passou a atirar na direção de colegas, que tiveram que reagir.

Policiais militares do 15º BPM (Duque de Caxias), que estavam no local, conseguiram atingir o policial, que acabou morrendo.

Tiroteio em delegacia deixa morto e feridos

Tiroteio em delegacia deixa morto e feridos

Os policiais militares estavam no local apresentando uma ocorrência de trânsito quando também foram atacados e revidaram. É possível que o policial tenha tido um surto, e a polícia vai apurar essa hipótese. Nos pertences dele, foram encontrados remédios para esquizofrenia.

A namorada ferida também é policial civil e trabalha na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) do município, que fica no mesmo endereço. Ela foi atingida por múltiplos tiros no peito. Às 13h, ela passava por uma cirurgia de emergência no Hospital Municipal Moacyr Rodrigues do Carmo e o quadro era grave.

Segundo relatos de colegas, ela já havia se queixado de um conflito com ele.

Outros três homens, de 26 a 41 anos, foram baleados e levados para o mesmo hospital. Não se sabe os estados de saúde. Não se sabe se os feridos são policiais ou testemunhas.

Nenhum policial militar ficou ferido. A parte da delegacia onde aconteceu o tiroteio foi isolada e passará por perícia. A porta da frente do local ficou estilhaçada.

Policial civil atira em colegas em delegacia no RJ — Foto: Reprodução/TV Globo

A investigação está em andamento na 59ª DP e na Deam Caxias, com apoio da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). A Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) se solidariza e está dando todo o suporte necessário às famílias dos dois policiais civis.

Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2025/02/04/tiroteio-em-delegacia-do-rj.ghtml

Juiz autoriza empréstimo de provas para desvendar saque na boca do caixa na Assembleia

n0203 Seis anos depois do pedido ser protocolado por um grupo de advogados, o juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, autorizou o empréstimo de provas que pode desvendar o saque acima de R$ 100 mil na boca do caixa da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. A investigação da Polícia Federal pode desvendar os beneficiários pelo Mensalão Pantaneiro, como ficou conhecido o pagamento de propina para políticos e autoridades.

Desde a deflagração da Operação Uragano, em meados de 2010, um grupo de advogados luta na Justiça para punir os envolvidos no suposto esquema milionário de desvios de recursos públicos por meio do legislativo. No entanto, eles não conseguiram quebrar o sigilo bancário da Assembleia.

Apesar da quebra do sigilo ter sido decretada em primeira instância, a medida foi suspensa pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. A alternativa foi solicitar os dados revelados pela quebra do sigilo da Assembleia no inquérito 704/MS, determinada pelo Superior Tribunal de Justiça. O pedido foi feito no dia 21 de fevereiro de 2019.

Em despacho publicado na sexta-feira (31), o juiz Ariovaldo Nantes Corrêa autorizou o empréstimo das provas, mas o grupo de advogados, capitaneado por Jully Heyder da Cunha Souza, Carmelino Rezende e Celso Pereira, entre outros, terá que descobrir onde o processo se encontra.

“De modo que não há óbice ao compartilhamento da prova no mesmo realizada (quebra de sigilo bancário da Assembleia Legislativa, do falecido Ary Rigo e do ora requerido Miguel Vieira da Silva). Antes, todavia, de se oficiar solicitando o compartilhamento da prova produzida no inquérito criminal nº 704/MS relativa a esses fatos, os requerentes deverão indicar o número atual do referido procedimento na Justiça Estadual, uma vez que em consulta ao processo no site do Superior Tribunal de Justiça constata-se que o ministro relator declinou da competência para processar e julgar o feito à Justiça Estadual de primeiro grau, determinando a remessa dos autos”, ponderou o magistrado.

A decisão põe o grupo de defensores diante de outro grande desafio, encontrar o processo em alguma vara criminal da Capital ou no Tribunal de Justiça. Diante dos últimos escândalos do judiciário, muitos deverão acreditar que será mais fácil o grupo passar um camelo pela agulha do que encontrar o processo de corrupção revelado na Operação Uragano.

“Deferido também o compartilhamento da prova produzida no processo disciplinar que tramitou perante o Conselho Nacional do Ministério Público sob o nº 0.00.000.001207/2012 pelos mesmos fundamentos expostos no item I”, determinou Corrêa, sobre o procedimento que levou ao CNMP recomendar a demissão (decisão nunca cumprida) do ex-chefe do MPE, Miguel Vieira da Silva.

Escândalo impune

Em um dos vídeos gravados pelo jornalista Eleandro Passaia, o então tesoureiro da Assembleia Legislativa, Ary Rigo, revelou que o legislativo pagava R$ 2 milhões por mês ao então governador, André Puccinelli (MDB), R$ 6 milhões aos deputados estaduais, R$ 900 mil aos desembargadores do TJMS e R$ 300 mil a Miguel Vieira.

Para advogados, empréstimo de provas pode ajudar a desvendar os pagamentos. “Visa a presente ação a invalidade de atos ilícitos e a consequente condenação dos responsáveis à restituição de valores pagos indevidamente pelos cofres da Assembleia Legislativa que – segundo depoimento do seu Tesoureiro à época – tratava-se de pagamentos fruto de ato de corrupção”, alegaram.

Ariovaldo Nantes Corrêa autorizou empréstimo de provas (Foto: Arquivo)

“Como os valores de que se trata saíram, segundo noticiou seu Tesoureiro, dos cofres da Assembleia Legislativa, é evidente que se torna indispensável para uma fiel apuração dos fatos – e para a instrução da causa – visando a responsabilização dos beneficiários, que sejam apresentados todos os dados da contabilidade e da conta bancária daquela Casa de Leis para confrontação com a legalidade dos saques e pagamentos”, alertaram.

O escândalo deve completar 15 anos neste ano sem qualquer punição e marcado pelo êxito na estratégia de evitar a quebra do sigilo da Assembleia Legislativa.

Fonte: https://www.ojacare.com.br/2025/02/02/juiz-autoriza-emprestimo-de-provas-para-desvendar-saque-na-boca-do-caixa-na-assembleia/#google_vignette

‘PCC está influenciando políticas públicas para sistema carcerário’, diz promotor que denunciou ONG

n01311 BRASÍLIA - O promotor de Justiça do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) Lincoln Gakiya, de 57 anos, dedicou os últimos vinte anos de sua vida a combater a facção criminosa Primeiro Comando da Capital, o PCC. Titular da Promotoria de Justiça de Presidente Venceslau (SP) desde 1996, onde está presa parte da cúpula do PCC, Gakiya já foi alvo de várias ordens de execução por parte da facção. Ele e a família vivem sob pesada proteção policial 24 horas por dia, sete dias por semana.

Na segunda-feira (27), Gakiya ofereceu à Justiça denúncia contra 12 pessoas investigadas na operação Fake Scream, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-SP. A investigação mirou a ONG Pacto Social & Carcerário de S.P, que, segundo a apuração, foi criada, financiada e prestava contas de suas atividades para o PCC. Como mostrou o Estadão, a presidente da ONG, Luciene Neves Ferreira, esteve em Brasília e participou de reuniões nos ministérios da Justiça e dos Direitos Humanos, além do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Depois das investigações da Fake Scream, Gakiya diz não ter dúvidas sobre a existência do soft power das facções criminosas no Brasil. A expressão em inglês que designa a busca por influência e poder político sem o uso da violência.

Ao Estadão, Gakiya revela que há indícios de influência do PCC sobre outras ONGs e avalia que a facção já exerce influência sobre a política prisional. “(Os faccionados) estavam atingindo o objetivo deles, que era o de influenciar as políticas públicas nessa área do sistema carcerário”, diz. Segundo o promotor, não há até o momento indícios de que as autoridades que receberam a ONG em Brasília — inclusive no Ministério da Justiça – soubessem da ligação do grupo com o PCC. Os representantes do governo Lula foram “inocentes úteis”, diz Gakiya.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

A gente pode dizer que já existe um soft power do crime organizado?

Com certeza. Não tenho dúvida nenhuma a respeito disso. E acredito que outras ONGs… Numa entrevista a jornalistas sobre a Fake Scream, me perguntaram se estávamos querendo criminalizar as ONGs. Não estamos, de forma nenhuma. A gente apenas quer evitar que o crime organizado se utilize das ONGs para fazer denúncias infundadas, para atuar junto à Corte Interamericana de Direitos Humanos.

E, assim como essa, outras (ONGs) vão eventualmente acabar aparecendo também. A gente não vai revelar nada, mas já temos conhecimento de pelo menos uma outra ONG que também estaria ligada ao PCC, nessas manifestações contra a opressão no sistema carcerário.

O diretor do documentário O Grito, que deu nome à operação Fake Scream, viajou com passagens pagas pelo PCC. É uma manifestação desse soft power?

Nós tivemos conhecimento desse fato (o pagamento das passagens) graças às investigações sobre a morte do (delator e empresário) Vinícius Gritzbach. Estamos acompanhando esse caso porque ele era um réu delator meu, inclusive, no Ministério Público. Quando se quebrou o sigilo do Kauê (do Amaral Coelho), que é aquele integrante do PCC, hoje foragido, que estava no aeroporto de Guarulhos como “olheiro”, para orientar os autores (dos disparos) sobre a saída do Gritzbach, se verificou que ele fez o pagamento para a viagem do diretor do documentário O Grito.

Fica comprovado que havia total interesse do PCC por trás da ONG, e de dar voz às suas manifestações. Utilizaram advogados (antes) e dessa vez usaram essa ONG com bastante sucesso. Chegou a ter um documentário (O Grito), com participação da ONG, e viagens de dirigentes da ONG a Brasília, onde tiveram contatos com deputados, com integrantes do Ministério da Justiça, da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais). Isso mostra que estavam atingindo o objetivo deles, que era o de influenciar as políticas públicas nessa área do sistema carcerário.

Na denúncia da operação Fake Scream, o senhor menciona um suposto “Plano ONG” do PCC, descoberto anteriormente. Do que se trata?

Durante a Operação Ethos (de novembro de 2016), coincidentemente conduzida por mim e pela Polícia Civil, nós miramos o chamado “Setor dos Gravatas” do PCC. Ali conseguimos a condenação de 39 advogados que serviam de mensageiros para o crime organizado, que não tinham nenhuma atuação jurídica. Esses advogados, já em 2016, cuidavam do “Setor da Saúde” do PCC. Eles ficavam a cargo de coordenar esse setor, que nada mais era do que fazer o contato com médicos e dentistas, entre outros, para atendimento particular de alguns presos.

No bojo das conversas que nós apreendemos, das conversas desses advogados, já se mencionava o “Projeto ONG”. A gente não sabia exatamente o que eles pretendiam com isso, mas imaginávamos que seria a criação de uma organização que pudesse defender os interesses da facção. Agora, com a operação Fake Scream, descobrimos que a ONG Pacto Social & Carcerário serve a essa finalidade.

Então você vai verificar lá, por exemplo, a manifestação de intenção da ONG de atuar no julgamento do (ex-guerrilheiro chileno) Maurício Norambuena na Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH); isso tudo prestando contas aos presos da PII (a Penitenciária II de Presidente Venceslau, em São Paulo). As manifestações eram gestadas de dentro para fora das unidades prisionais. Os próprios presos do PCC é que determinavam para a ONG a realização dessas manifestações.

Dentre as documentações que vão aparecer aí, nas investigações, não há só a figura de um deputado federal, mas tem também vereadores, para os quais esses supostos dirigentes da ONG trabalhavam. Geraldo Sales (vice-presidente) e Luciene (Ferreira Neves, a presidente) eram assessores parlamentares. Mas a gente não viu, na investigação, um envolvimento direto desses políticos aí com o PCC.

Na verdade, eu acredito que eles estavam pensando que era uma organização de defesa dos presos. Esses políticos sempre estiveram ligados a essas causas. Acho que eles, assim como a Senappen do Ministério da Justiça, acabaram por dar voz e apoio a essa ONG sem saber que por trás dela estava o PCC. Nós também viemos a saber disso quando apreendemos os cartões de memória (em setembro de 2021). Ali fica claro que a ONG presta contas ao PCC. A ONG atende às reivindicações do PCC e não tem nenhuma fonte de financiamento: as contas são pagas pelo PCC. Agora, não me parece que essas autoridades tinham conhecimento disso. Foram, vamos dizer, inocentes úteis.

Fnte: https://www.estadao.com.br/politica/promotor-lincoln-gakiya-pcc-esta-influenciando-politicas-publicas-para-o-sistema-carcerario/

Ex-vereadora do PR é condenada a 18 anos de prisão por falsificar listas de crianças em vulnerabilidade social para aumentar lucro de empresas laranja

n0127 A ex-vereadora de São Miguel do Iguaçu, no oeste do Paraná, Flávia Dartora, acusada de falsificar listas de crianças em situação de vulnerabilidade social para empresas laranja dela aumentarem lucros foi condenada a 18 anos de prisão em regime inicialmente fechado, informou o Ministério Público do Paraná (MP-PR). Cabe recurso.

Além de Flávia, o marido dela e outras quatro pessoas denunciadas pelos crimes de organização criminosa, associação criminosa, falsidade ideológica, peculato, fraude a licitação, lavagem de dinheiro, coação no curso do processo e uso de documento falso, também foram condenados na mesma sentença. Veja detalhes das penas mais abaixo.

Os nomes dos demais envolvidos não foram divulgados e o processo tramita em segredo de Justiça. O g1 tenta identificar as defesas dos envolvidos.

De acordo com o MP, as condenações são fruto do que apurou a Operação WO, "que comprovou o envolvimento dos acusados na constituição e administração de empresas de fachada com a finalidade de se apropriarem indevidamente de recursos públicos a partir de fraude a licitações".

Só em 2019, foram desviados mais de R$ 120 mil pelo esquema criminoso, afirmou o MP.

Para todos os condenados também foi determinado o pagamento de multa de valor não informado. Além disso, a vereadora deverá pagar R$ 30 mil de indenização por danos morais, e o marido dela, R$ 50 mil. Outros réus também pagarão, pelo mesmo motivo, R$ 20 mil e R$ 10 mil.

O esquema

A investigação, conforme o MP, apurou que a ex-vereadora - que exerceu o mandato de 2017 a 2020 - e o marido eram os donos de empresas contratadas pela Prefeitura de São Miguel do Iguaçu e para burlar a proibição de contratar com o poder público, utilizaram “laranjas” para a administração dos negócios.

"Uma dessas empresas prestava serviços assistenciais e trabalhava com crianças em situação de vulnerabilidade social. Nesse caso, como a contratada recebia pelo número de crianças atendidas, os envolvidos teriam falsificado a lista de alunos beneficiados para que os valores recebidos fossem superiores aos efetivamente devidos pelo Município", destacou em nota o MP.

O dinheiro proveniente da fraude era repassado ao casal em espécie. Para "disfarçar" os valores, despesas pessoais como serviços de manutenção de piscina, compra de roupas, pagamento de babás e empregadas domésticas que trabalhavam para o casal, eram pagas com os valores em espécie.

As penas

A ex-vereadora Flávia Dartora foi condenada a 18 anos, 2 meses e 12 dias em regime inicialmente e o marido dela a 17 anos, 2 meses e 20 dias de reclusão, também em regime inicial fechado.

As outras quatro pessoas denunciadas por envolvimento no esquema criminoso, tiveram penas diferentes, segundo o MP:

  • A pena mais alta foi fixada em 16 anos, 1 mês e 12 dias – revertida para 3 anos em regime aberto diferenciado com restrições, por ter a acusada realizado colaboração premiada com o Judiciário.
  • As outras penas foram de 4 anos, 2 meses e 12 dias de reclusão, em regime semiaberto para uma das rés e de 1 ano de reclusão para outras duas, neste último caso, substituída por prestação de serviços à comunidade.

Segundo o MP, a condenação é a primeira obtida judicialmente a partir da denúncia oferecida pelo Ministério Público e que ainda tramita no Judiciário mais uma ação penal fruto também da investigação da Operação WO, relacionada ao enriquecimento ilícito dos envolvidos a partir da constituição de uma pedreira.

Justiça determina afastamento de vereadora de São Miguel do Iguaçu

Fonte: https://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2025/01/25/ex-vereadora-parana-condenada-18-anos-prisao-falsificar-listas-criancas-vulnerabilidade-social-para-aumentar-lucro-empresas-laranja.ghtml

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