Condenado por ligação com tráfico de drogas assume cargo em gabinete de subsecretaria da Seap

'Bonitão', como é conhecido, foi preso pela polícia em 2014 por ligação com o chefe do tráfico e drogas no Complexo da Maré Foto: Reprodução  Em 2014, ele foi preso por ser informante de um dos chefes do tráfico no Complexo da Maré

RIO - Condenado a mais de cinco anos de prisão por ligação com o tráfico de drogas e porte ilegal de armas, o inspetor penitenciário Luciano de Lima Fagundes Pinheiro, o Bonitão, de 43 anos, desde janeiro bate ponto no gabinete do subsecretário da Subsecretaria Geral – Gilberto Monteiro Mainoth. A subsecretaria só está abaixo do secretário da pasta, o advogado Raphael Montenegro Hirschfeld. Antes, Pinheiro estava lotado na Superintendência de Recursos Humanos (SUPRH).

Em 2014, durante uma operação da Polícia Federal, Bonitão foi preso por ligação com um dos chefes do tráfico de drogas do Complexo da Maré, o traficante Marcelo dos Santos das Dores, o Menor P. Segundo os investigadores, o inspetor era informante dele. À época, os agentes disseram também que Luciano fazia a ponte entre o então chefe do tráfico na região e outro bandido – Antônio Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha.

A transferência de Bonitão foi assinada por Josimar Olegário de Lima, superintendente de Recursos Humanos da pasta, e pela chefe de gabinete de Mainoth, Larissa Arantes Simões. A determinação saiu no boletim interno da pasta no dia 23 de fevereiro deste ano. Desde então, o agente trabalha diretamente com o subsecretário geral.

Em agosto do ano passado, mesmo condenado, Luciano de Lima Fagundes Pinheiro foi reintegrado aos quadros da Seap. Naquela ocasião, a  Secretaria de Administração Penitenciária afirmou que o servidor foi readmitido porque não possui condenação transitada em julgado e foi classificado no concurso.

Luciano foi condenado pela Justiça a dois anos e seis meses de prisão em regime aberto pelo crime de colaboração para o tráfico. Na casa dele, policiais encontraram uma arma com registro vencido e um carregador de pistola de uso proibido em sua casa – uma residência de luxo na Barra da Tijuca. Por causa disso, ele também foi sentenciado por outro crime: posse ilegal de arma, com pena de três anos e seis meses de prisão em regime semiaberto.

Apesar das duas condenações, Luciano deixou a prisão porque a Justiça permitiu que ele recorresse das sentenças em casa.

Em 2019, ele chegou a ser contratado em um cargo comissionado na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). O local de trabalho de Luciano era o gabinete do presidente da Casa, o deputado estadual André Ceciliano (PT). Após a história vir à tona, o parlamentar o exonerou.

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Candidato à medalha Tiradentes

Atualmente, o salário bruto de Luciano é de R$ 5.194,04 na Seap. No entanto, ele já chegou a receber em cargo comissionado de assistente 5 junto à assessoria da presidência da Alerj, no dia 11 de dezembro de 2018, com um salário bruto de R$ 6.490.

Antes de ser chamado por Ceciliano, Luciano quase foi agraciado pela maior horaria da Alerj: a medalha Tiradentes. Em outubro de 2018, quatro meses antes de ter sido condenado por ligação com o tráfico, o deputado Bruno Dauaire, do Partido Social Cristão (PSC), que à época estava no Partido Republicano Progressista (PRP), apresentou um projeto de resolução para dar a ele a maior condecoração da Casa. No ano seguinte o projeto até chegou a entrar em votação, mas foi retirado de pauta por Ceciliano.

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A Secretária de Estado de Administração Penitenciária informa que o servidor em questão foi readmitido aos quadros da Seap em virtude de decisão do Supremo Tribunal Federal com efeitos de repercussão geral, que determina que candidatos de concursos públicos voltem a participar do certame caso tenham sido desclassificados por conta de responderem a inquéritos policiais ou ações penais ainda não transitadas em julgado.

Por conta dos processos que seguem tramitando na justiça envolvendo o servidor, se optou que o mesmo cumprisse suas atividades profissionais no prédio administrativo da pasta, impossibilitando o contato com o efetivo carcerário.

Fonte: https://oglobo.globo.com/