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8 PMs de SP têm prisão decretada por morte de jovem após abordagem

David dos Santos Nascimento, 23, morto depois de abordagem policial em São Paulo - Arquivo/Ponte Jornalismo O TJM (Tribunal de Justiça Militar) decretou ontem a prisão preventiva de oito PMs (policiais militares) de São Paulo suspeitos de terem participação na morte de um rapaz de 23 anos encontrado com tiros no peito e na cabeça entre 24 e 25 de abril após abordagem policial. O jovem também tinha sinais de tortura no corpo.

Estão detidos no presídio militar Romão Gomes, zona norte da capital, um primeiro-sargento, um segundo-sargento, três cabos e três soldados. A Corregedoria da PM pediu a prisão dos oito, o MPM (Ministério Público Militar) indeferiu o pedido, mas o juiz de Direito Militar Ronaldo João Roth determinou, digitalmente, ontem, a prisão preventiva, sem prazo.

Eles são suspeitos de participar da morte do vendedor ambulante David dos Santos Nascimento. Segundo a família, ele saiu de casa no início da noite de 24 de abril, na favela do Areião, região do Jaguaré, zona oeste, para esperar a chegada de uma entrega de comida que pediu por aplicativo. Enquanto aguardava, foi abordado por PMs e colocado no banco de trás do carro da polícia. Horas depois, familiares o encontraram morto.

Os oito PMs disseram em depoimento que abordaram no local dos fatos um outro suspeito, chamado Pedro, que permaneceu vivo. Eles negam que tenham abordado e matado David. Outros quatro PMs, que estavam em outra viatura, e que não teriam participação direta no suposto crime ainda investigado pelas autoridades, embora afastados do serviço operacional, não tiveram a prisão decretada pela Justiça Militar.

A Justiça Militar determinou a prisão dos seguintes policiais, que integram o 5º Baep (Batalhão de Ações Especiais): primeiro-sargento Carlos Antonio Rodrigues do Carmo, segundo-sargento Carlos Alberto dos Santos Lins, cabo Lucas dos Santos Espindola, cabo Mauricio Sampaio da Silva, cabo Cristiano Gonçalves Machado, soldado Vagner da Silva Borges, soldado Antonio Carlos Rodrigues de Brito e soldado Cleber Firmino de Almeida.

A reportagem pediu que a SSP (Secretaria da Segurança Pública) e a PM encaminhassem um pedido de entrevista a cada um dos policiais, para que eles pudessem ter o direito de se defender diretamente sobre o caso, mas a pasta e a corporação não responderam a solicitação.

Por meio de nota, a SSP afirmou que "os oito policiais militares, que se apresentaram na sede do órgão corregedor da instituição neste domingo (3), foram encaminhados ao Presídio Militar Romão Gomes. As investigações seguem tanto pela PM, como pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa)".

"Fatos são gravíssimos", diz juiz

"Na apuração dos crimes, angariou-se razoáveis indícios de participação dos policiais militares nas diversas diligências feitas pela Corregedoria, havendo prova dos fatos delituosos e indícios suficientes de autoria", escreveu em sua decisão o juiz Ronaldo João Roth. O documento foi obtido em primeira mão pelo UOL.

O juiz ainda apontou que "os fatos são gravíssimos, pois ocorreu a morte do civil David, duas horas antes abordado e conduzido pela viatura policial até o local dos fatos, em situação obscura" e que "a liberdade dos investigados poderá causar grande dano à investigação, uma vez que eles poderão colocar obstáculos à instrução criminal".

Roth argumentou em sua decisão, também, que "previamente, houve a suposta prática de fraude processual, com alteração das vestes da vítima alvejada, além da falsidade envolvendo o nome do civil Pedro, o qual poderá ser atemorizado pelo militares, o que justifica a custódia cautelar".

Versão policial

Policiais civis do 5º DP (Distrito Policial) de Osasco, cidade na Grande São Paulo, registraram a ocorrência como morte decorrente de intervenção policial, resistência e excludente de ilicitude. Os policiais alegaram que trocaram tiros com David.

Na versão oficial, policiais do Baep perseguiram quatro homens em um veículo modelo Onix na avenida Presidente Altino. Eles teriam abandonado o veículo na favela em que David morava. Os policiais explicaram à delegada Maria Cristina da Silva Sá que foram a pé atrás dos quatro e que um deles, que estava atrás de uma moita na rua Manoel Antônio Portela, atirou depois deles se identificarem.

Este homem seria David, atingido por cinco tiros. Socorrido ao Hospital Regional de Osasco, ainda de acordo com os PMs, ele não resistiu e já chegou morto por volta das 21h35. Os PMs asseguraram que David estava com uma pistola 9 mm. Testemunhas negam a versão policial.

Familiares temem represálias

A mãe do rapaz, Cilene Geraldina dos Santos, 38, disse ao site Ponte Jornalismo que o filho foi encontrado com uma roupa diferente da que vestia quando saiu de casa. "Meu filho sumiu de bermuda e chinelo. Quando mataram eles trocaram a roupa. Foi a polícia que trocou a roupa. A calça do Corinthians nunca foi dele, nem aquele sapato."

Segundo o site Ponte Jornalismo, um familiar de David, que pediu para não ser identificado por temer retaliações, contou que dois carros têm rondado a casa da mãe do jovem. Um dos carros é todo preto e o outro é branco, com dois homens na frente. No dia do enterro, dois homens bateram no portão de Cilene perguntando por ela, dizendo que precisavam levá-la para o local do crime. A família acredita que sejam policiais à paisana.

Soma-se isso ao fato de que, 24 horas após a abordagem, um vídeo mostrou três policiais militares aparecendo no mesmo local em que David havia sido levado pela viatura do Baep. Eles rondam o local com os cassetetes nas mãos. Um minuto mais tarde, o trio retorna de onde veio sem ninguém abordado. Passam atrás do equipamento que registrou a ação. Às 19h09, a gravação da câmera começa a mudar de direção, quando a câmera é manipulada por um dos policiais.

David trabalhava como vendedor ambulante em trens e na marginal Pinheiros, próximo de onde morava com a família. Ele deixou dois filhos.

Fonte: NOTICIAS.UOL.COM.BR

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