Dupla é acusada de ameaçar de morte políticos e magistrados do DF. A operação ocorreu nesta quinta-feira (21/05), no Lake Side
Vídeo obtido pelo Metrópoles mostra o momento em que policiais civis do DF e promotores do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) entram no apartamento que servia de escritório para dois homens acusados de ameaçar de morte juízes e políticos do DF. A operação ocorreu nesta quinta-feira (21/05), no Lake Side, residencial de luxo às margens do Lago Paranoá.
“No endereço, funcionava um escritório de um grupo com pensamento antidemocrático voltado para a atuação do estado de sítio por militares. Eles têm várias cartilhas e material impresso nesse sentido e nós encontramos provas das ameaças com a lista dos e-mails de juízes. Não restam dúvidas do envolvimento e das ameaças generalizadas a integrantes do Judiciário e do Ministério Público”, destacou o titular da DRCC.
Ainda segundo a investigação, o grupo recebia financiamento. “Existem as pessoas que ficam direto no escritório produzindo vídeos para a internet e um porta-voz, que aparece nas gravações. Percebemos que são pessoas financiadas. Moram em um local com aluguel caro, possuem veículos e gastam combustível para rodar o dia inteiro divulgando o material. Eles não têm fonte de renda que justifique o padrão de vida no local. Eles próprios, informalmente, admitiram isso”, assinalou Giancarlos Zuliani.
A gráfica que emitia as cartilhas também será alvo de investigação. Os acusados ainda não depoimentos. De maneira informal, assumiram que a “sentença de morte aos traidores da pátria”, assunto do e-mail enviado aos juízes, “naturalmente vai acontecer”.
Conforme a coluna Grande Angular revelou, nessa quarta-feira (20/05), os textos foram encaminhados para o e-mail de diversos juízes no começo da tarde dessa quarta (20/05).
Um dos suspeitos tem 79 anos e foi identificado como Célio Evangelista Ferreira do Nascimento, que se apresenta como “Presidente Constituinte da República”. Em vídeo, ele faz ameaças a diversas autoridades, entre as quais, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB): “Morte aos demônios“. O outro acusado preso é Rodrigo Ferreira, 40.
Entre os materiais apreendidos, há um pendrive com a etiqueta “Matar juízes. Matar todos”.
Célio Evangelista e Rodrigo foram presos em operação da PCDF e do MPDFTReprodução
Ameaças feitas a autoridades
Dois homens foram presos suspeitos de ameaçar juízes de morteMaterial cedido ao Metrópoles
Assunto: SENTENÇA DE MORTE AOS TRAIDORES DA PÁTRIA.
Aos políticos, juízes, promotores, mefíticos e vagabundos de toda sorte.
O Brasil chegou a um ponto onde não é mais possível resolver os problemas através da razão e do bom senso.
Por esse motivo, a partir de agora, serão resolvidos através da execução do ESTADO DE SÍTIO, sob comando do exmo. Gen. de Exército Walter Souza Braga Neto.
Por isso, convocamos a população para MATAR EM LEGÍTIMA DEFESA DE SI MESMO E DA PÁTRIA políticos, juízes, promotores, chefes de gabinetes, assessores, parentes, amigos, protetores, e demônios de toda sorte.
MATEM TODOS.
MATEM JUÍZES, MATEM PROMOTORES, MATEM DEPUTADOS, PREFEITOS, VEREADORES, PARENTES, FILHOS, NETOS E AMIGOS.
BASE LEGAL PARA A SENTENÇA DE MORTE
Juízes do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) receberam mensagens anônimas com ameaças de morteRafaela Felicciano/ Metrópoles.
Juízes do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) receberam mensagens anônimas com ameaças de morteRafaela Felicciano/ Metrópoles
Em nota enviada à coluna Grande Angular, o ministro disse ainda que “solicitaria rigorosa apuração da autoria e responsabilização dos envolvidos”.
A Assessoria de Segurança Institucional do MPDFT também participou da operação e apura o recebimento de ameaças nos e-mails institucionais não só de juízes mas de autoridades e promotores de Justiça. Os suspeitos foram presos em flagrante pelo crime de utilização indevida de selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio. A pena é de 2 a 6 anos de reclusão e multa.
De acordo com o delegado Dario de Freitas, os envolvidos podem ser investigados por crime contra a Segurança Nacional. “Ainda não realizamos a oitiva dos dois, mas, assim que concluirmos, teremos uma materialidade melhor sobre a possibilidade desse crime ser incluído na prisão dos dois.”