Cada ser humano é único...

Em resposta às perguntas feitas pelo Jornal Impakto Penitenciário sobre a "Hora do Tranca"

 1.Uma arma de fogo 'infiltrada' nesse pavilhão, mataria esses dois trabalhadores, pais de família?

R: Ao meu ver sim. Nunca se sabe bem ao certo o que tem dentro de uma cela e nem o que passa na cabeça de quem está lá dentro. Por mais rigorosa que seja a revista das celas, sempre tem alguma corrupção que deixa passar qualquer tipo de coisa, inclusive arma. O preso não pensa em quem está trabalhando, se é pai de família ou não, a única coisa que passa pela sua cabeça é a liberdade. 

2. Você certamente acha que 'os presos não teriam coragem'. Mas uma pessoa analfabeta, com 20 anos de cadeia pra tirar, 10 pedras de crack na 'cachola' e ameaçada de morte se recusasse tal ordem, não teria coragem?


R: Teria. A viagem que o crack faz no ser humano varia de um para o outro. Qualquer ameaça é digna de medo. A coragem se manifesta quando começa a passar o efeito da droga e ele sente que precisa mais. Recebendo tal ameaça de que, deixando de matar os dois trabalhadores, ele morrerá, obviamente que a coragem sobe e ele mata sim. Aliás, não é a toa que está preso. Algo ilícito foi cometido. Já pelo outro lado, se ele tem 20 anos pra cumprir em regime fechado, pra ele tanto faz viver ou morrer, qualquer proposta é lucro. A cadeia não ressocializa ninguém, pelo contrário, ela torna o delinquente pior do que entrou.

3. Quantos agentes penitenciários já foram assassinados dentro dos presídios no Brasil?


R: Incontáveis. Muitos agentes que trabalham para sustentar uma família, que tiveram estudo, que são dignos do seu caráter são assassinados a sangue frio. Isso porque os detentos pensam que eles têm alguma culpa por estarem presos. Mas os agentes penitenciários estão ali apenas para cuidar da segurança de um povo que elege um candidato e não cobra dele a segurança necessária para viver. O agente penitenciário apenas cumpre ordens dos superiores, que muitas vezes nem sabem o que acontece dentro de uma penitenciária. O que penso ser uma lástima.

4. Um agente penitenciário tem condições de cumprir a lei trabalhando em condições como esta?


R: Infelizmente não. Sofrem ameaças dos detentos, vivem em função deles, a família é tão vítima quanto eles. Não há liberdade de expressão e nem de defesa para os agentes penitenciários, uma vez que o próprio presidente do Departamento Penitenciário não faz nem ideia do que os agentes passam lá dentro. Pois pra ele o que importa é o dinheiro no fim do mês e não a segurança dos seus subordinados.

5. Um agente prisional que "pega no pé" dos presos, fazendo revistas em celas, retirando celulares e drogas, causando prejuízos de: cinco, dez, vinte mil reais a criminosos dentro e fora dos presídios, tem como viver bem desarmado nas ruas quando estiver de folga?

R: Nunca.Essa lei do desarmamento foi uma burrice tremenda feita pelo deputado Ratinho Junior. Todo agente prisional tem sua ameaça, tem seu medo ao andar em vias públicas, seja sozinho ou acompanhado da família. Se os policiais portam armas e fazem delas abusos, porque os agentes prisionais, que temem pela sua segurança não podem usufruir da mesma para seu próprio bem? Agentes prisionais são ameaçados dia após dia. Policiais andam armados mesmo em seus dias de folga, se olhar torto, capaz de levar tiro, enquanto um agente penitenciário ou prisional que está em contato direto com o preso, fica à mercê dos bandidos soltos, a mando dos que estão nos presídios. É justo? Como eu disse, eles apenas cumprem ordens, muitas delas que policiais corruptos deixam passar em troca de dinheiro.

6. Você sabe quantos presos passam por este presídio da foto no decorrer de um ou dez anos? É fácil memorizar a fisionomia de todos eles? Mas será que todos eles não são capazes de reconhecer esses dois agentes... 'por aí'?


R: Impossível um agente penitenciário guardar a fisionomia de cada preso. Os presos, por estarem vinte e quatro horas apenas arrumando uma maneira de sair do presídio, forçam a memória para guardar a fisionomia de quase todos os agentes penitenciários, mesmo estes não tendo culpa nenhuma da sua prisão. São capazes sim, de reconhecer ou de fazer um retrato falado de cada agente penitenciário que passar pela sua cela.

7. Grades serradas, antes da chegada desses agentes, possibilitariam uma rebelião com dois "importantes" reféns?


R: Possibilita sim. Eles tornam qualquer pessoa refém, seja um agente penitenciário, um detento, um cozinheiro, enfim.

8. É novidade para alguém a informação de que os pavilhões dos presídios brasileiros são lotados de presos com tuberculose? Como essa doença é transmitida?


R: Não é novidade que, dentro dos pavilhões dos presídios há tudo quanto é doença. Primeiro - não há condições higiênicas, não como a lei manda. Lei ???
A tuberculose se transmite pela tosse, pelo espirro ou pela simples fala. O risco dos agentes penitenciários em pegar doenças é grande. E mesmo com todo esse risco, ele está lá, lutando e recebendo ordens, além das ameaças.

9. Você se sente 'mais seguro' sabendo que as peças mais perigosas da sociedade estão devidamente encarceradas? Quem, com todas as dificuldades possíveis, garante esse seu 'sossego' ?


R: Ninguém se sente seguro num país onde não há educação, segurança e saúde. Onde a prioridade é Copa do Mundo, novelas, shows, revistas pornográficas, futebol, carnaval, feriados, passeatas etc. Ninguém cobra segurança, educação e saúde. Ninguém prioriza, vota mas não quer nem saber o que virá pela frente. Mas o candidato tem que se eleger, mesmo com inúmeras promessas nunca feitas. E os criminosos estão em toda parte, inclusive dentro do Sistema Judiciário, dentro do próprio governo.

10. Você sabe há quanto tempo os agentes penitenciários trabalham nessas (e noutras!) circunstâncias?


R: Não se sabe em números exatos quantos são os agentes penitenciários e nem há quanto tempo estão nessa tarefa de ao menos tentar zelar pela segurança de um governo que não dá valor a isso. É vergonhoso um país que o crime compensa, que o preso ganha mais que o honesto trabalhador. Por isso a corrupção está a milhas de acabar, porque pro governo tanto faz como tanto fez. Tendo ele segurança necessária para sua família, o povo que se vire.

11. 'Opinar' sobre o mundo sem sair da sala da faculdade, de um gabinete burocrático ou da frente de um microfone é muito mais fácil do que assumir o papel desses agentes. Não é mesmo?


R: Sem dúvida. Quem está numa sala de faculdade aprende somente o que o professor repassa, não aprende a realidade em si. Quem está num gabinete não vê o que acontece no mundo afora, apenas lê os processos e imagina a cena, mas não passa sequer perto dessa cena e do que levou a acontecer esse fato. Quem dá voz em face ao microfone, enganando o povo com ilustres palavras é quem tem segurança, educação e saúde priorizadas. Falar de um agente penitenciário e de suas funções é fácil, mas estar no lugar deles, fazendo seu trabalho no dia a dia, isso eles não querem, não ligam, não valorizam. Até que chegará o dia em que esses agentes penitenciários resolverão entrar em greve. Daí talvez recebam seu devido valor. Assim como a Polícia Federal fez a sua, os seguranças bancários fizeram as deles, enfim.

Essa é uma opinião minha a respeito do que leio, do que vejo e do que recrimino. Não tenho vergonha e nem me escondo para dizer / escrever o que penso.

Ninguém dá valor quando se tem algo, quando nada acontece, quando sai tudo como planejado. Basta um pingo cair no lugar errado e a culpa recai em cima de quem?
De quem não cuida da segurança, ou seja, dos agentes penitenciários. 
Acordar já é tarde.

Enquanto não houver ressocialização, educação, saúde, segurança, cobrança e demais atos que deveriam serem tomados pelo sistema geral, jamais - jamais haverá paz nesse mundo.
E a criminalidade alcançará seu objetivo.

E você, pensa o que sobre isso?
Se é que pensa.......

Fonte: absurdamentesemnexo