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Delegados da PF ameaçam pedir demissão coletiva contra intervenção política de Bolsonaro

A decisão de Jair Bolsonaro de intervir na Polícia Federal para blindar a família nas investigações sobre o caso Queiroz provocou indignação entre os delegados. "Um pedido de demissão coletiva não está descartado, caso Bolsonaro insista na investida", informa a jornalista Mônica Bergamo

247 – A crise interna na Polícia Federal atingiu temperatura máxima, segundo informa a jornalista Mônica Bergamo. "A tentativa de Jair Bolsonaro de interferir na indicação do Superintendente da Polícia Federal no Rio quebrou de vez o que ainda restava de confiança de delegados da cúpula da corporação, de diferentes partes do país, no presidente. Um pedido de demissão coletiva não está descartado, caso Bolsonaro insista na investida", diz ela, em sua coluna.

"As críticas ao presidente são abertas e contundentes. Um dos policiais mais prestigiados entre os colegas afirma não se recordar de nada parecido vindo de qualquer outro presidente desde a redemocratização do país. Na quinta (15), Bolsonaro anunciou que o superintendente do Rio seria um nome de sua confiança deslocado de Manaus — o delegado Alexandre Saraiva. Afirmou que era ele quem mandava e que não seria um presidente 'banana'”.

Fonte https://www.brasil247.com

9 dicas práticas para atender clientes em presídios

Por Evinis Talon

 Neste texto, apresentarei algumas dicas práticas para atender clientes em presídios. Afinal, como devemos nos preparar? O que devemos levar? O que falar durante o atendimento?

Cada Estado tem suas peculiaridades quanto ao sistema prisional. Aliás, cada estabelecimento prisional tem regras administrativas próprias que podem afetar significativamente a rotina do Advogado. Dessa forma, não objetivamos exaurir todas as dicas possíveis. Da mesma forma, é possível que algumas dicas não se apliquem a determinados estabelecimentos prisionais.

Dicas práticas para atender clientes em presídios

As dicas são:

1. Descubra os horários de visitas dos parentes e amigos e do banho de sol

Evite ir nos horários de grande movimentação de presos ou visitantes. Em alguns estabelecimentos prisionais, há rígidos procedimentos de segurança que, diante da falta de pessoal suficiente, fazem com que o Advogado precise aguardar o fim do banho de sol ou do horário de visitação dos parentes e amigos dos presos.

Além disso, o cliente certamente ficará incomodado por ter prejudicado o seu horário de banho de sol ou de recebimento de visitas para ser atendido pelo Advogado (que poderia ter ido em outro horário), salvo se for para levar uma notícia excelente, como o deferimento do indulto ou do livramento condicional.

Em um presídio de uma cidade pequena, o diretor do estabelecimento prisional, por questões de segurança, precisava determinar o retorno do banho de sol e a interrupção da visita dos presos todas as vezes em que algum Advogado pretendia fazer atendimento de um cliente. Como é sabido, o sistema prisional possui uma enorme tensão, razão pela qual esse tipo de limitação poderia gerar conflitos, inclusive alguma represália contra o preso que foi atendido.

Portanto, é melhor ir aos estabelecimentos prisionais fora desses horários.

2. Descubra se há algum procedimento específico (agendamento, ordem de chegada etc.)

Há inúmeros procedimentos administrativos instituídos nos estabelecimentos prisionais. Em alguns estabelecimentos, é necessário fazer um agendamento por e-mail, WhatsApp ou telefone. Existem estabelecimentos que não criam embaraços ao atendimento do Advogado, bastando que chegue na entrada e se identifique.

De qualquer forma, concordando ou não com esses procedimentos burocráticos, o ideal é saber se há algum procedimento no estabelecimento, evitando o deslocamento desnecessário ou longas esperas.

Para saber se existe alguma burocracia para o atendimento aos presos, é recomendável entrar em contato com o estabelecimento prisional ou conversar com outros colegas Advogados.

3. Se já foi contratado, leve uma cópia da procuração

Há muitos estabelecimentos prisionais, cada um com determinados procedimentos, facilidades, dificuldades e desconfianças de agentes prisionais. Dessa forma, para facilitar o acesso, recomenda-se levar uma cópia da procuração, caso já tenha sido contratado, para mostrá-la ao agente penitenciário responsável pelo ingresso no local.

Se foi procurado por algum parente e vai ao presídio pegar a assinatura na procuração, apresente a procuração em branco (também facilitará o acesso).

4. Leve uma cópia da guia de execução penal e entregue ao cliente

A guia de execução penal ou guia de recolhimento possui várias informações importantes, como total da pena, pena cumprida, tempo restante de pena, data-base, previsão de direitos, dias remidos e detraídos etc. Assim, é muito importante que o apenado tenha acesso à guia para ter uma visão panorâmica da sua pena.

Destarte, recomendo que, sempre que possível, o Advogado leve ao apenado uma cópia da guia de recolhimento, que servirá para dar credibilidade ao que é dito durante o atendimento.

Há presídios em que não é permitida a entrega da guia pelo Advogado, mesmo sendo um documento oficial. Dizem que somente é possível entregar a procuração para que o preso a assine e, quanto aos outros documentos, apenas podem ser entregues por Oficial de Justiça. Tente conversar com os agentes penitenciários e demonstre que é apenas a guia.

5. Leve uma folha com todos os direitos possíveis

Prepare uma lista de checagem (checklist) com todos os direitos possíveis e, sempre que realizar um atendimento, tenha essa folha à disposição, marcando o que pode ser postulado ou o que deve ser indagado ao cliente.

São exemplos: progressão de regime, livramento condicional, remição por trabalho, estudo e leitura, transferência de estabelecimento prisional, tratamento médico, prisão domiciliar, trabalho externo e saída temporária.

Com uma lista assim, o Advogado pode avaliar a guia de execução enquanto conversa com o cliente e, sempre que necessário, indagar sobre direitos que não estão visíveis na guia. Pode, por exemplo, perguntar ao apenado se ele está bem naquele estabelecimento ou se gostaria de pedir uma transferência para outro local.

Em suma, veja o que é cabível e converse com o cliente sobre o que ele pode precisar (ex.: transferência de estabelecimento, levantamento de pecúlio ou requerimento para liberar a visita de alguém).

6. Deixe o celular ou qualquer coisa proibida no carro ou peça orientação sobre onde deixar seus pertences

Para evitar transtornos desnecessários, entenda e cumpra as normas de segurança.

7. Não prometa resultados

No atendimento, seja cuidadoso com as palavras. Não garanta resultados, pois o deferimento dos direitos dependerá da análise de um Juiz (que pode ser punitivista) quanto ao preenchimento dos requisitos legais e, eventualmente, de requisitos não previstos em lei. Há Juízes que indeferem a prisão domiciliar com base na gravidade do crime (ainda que sem previsão legal). Da mesma forma, o exame criminológico, infelizmente, virou a regra, apesar da falta de previsão na legislação.

Em suma, prometa apenas que você fará o melhor possível e que apresentará os requerimentos cabíveis nos próximos dias.

8. Se disser que fará algo (ver como está o andamento de um processo, por exemplo), faça e responda na mesma semana

Como decorrência do encarceramento e da violação sistemática de direitos, o ambiente prisional tem uma tensão enorme.

Assim, caso diga ao apenado que fará algo, realmente faça e demonstre que fez. Se disse a ele que vai requerer determinado direito, faça o pedido ao Juiz da Execução Penal na mesma semana e, se possível, apresente uma cópia do protocolo ao apenado, demonstrando que eventual atraso não pode ser atribuído à defesa, mas sim ao Estado (Judiciário, Ministério Público, diretor do estabelecimento prisional etc.).

9. Peça ao preso que ele te indique para outros potenciais clientes

Em razão da convivência diária, os apenados têm uma tendência de ouvirem conselhos de outros apenados, especialmente quanto à atuação de um Advogado ético e atencioso.

Dessa forma, para a prospecção de novos clientes na execução penal, recomenda-se o pedido de indicações aos clientes atuais. Obviamente, essa indicação será valiosa apenas se o Advogado entregar ao cliente um trabalho de qualidade, com pontualidade e constante prestação de contas sobre eventuais atrasos e indeferimentos.

Fonte: Canal Ciências Criminais

Greenwald não pode ser investigado, decide Gilmar Mendes

 O ministro Gilmar Mendes (STF) concedeu liminar nesta terça-feira (7) a favor de um pedido do partiro Rede Sustentabilidade para impedir que o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, seja investigado e responsabilizado pela “recepção, obtenção ou transmissão” de informações publicadas na imprensa. Greenwald é o diretor do site The Intercept que divulgou mensagens trocadas entre o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato por meio do aplicativo Telegram.

Segundo Gilmar, “É corolário imediato da liberdade de expressão o direito de obter, produzir e divulgar fatos e notícias por quaisquer meios. O sigilo constitucional da fonte jornalística (art. 5º, inciso XIV, da CF) impossibilita que o Estado utilize medidas coercivas para constranger a atuação profissional e devassar a forma de recepção e transmissão daquilo que é trazido a conhecimento público”, escreveu Gilmar em sua decisão.

“A constrição de liberdades individuais do jornalista com a finalidade de desvendamento do seu sigilo de fonte, mesmo quando ocorre por meios institucionalizados de persecução, pode vir a configurar inequívoco ato de censura”, completou o ministro.

Para o ministro, a liberdade de expressão e de imprensa “não pode ser vilipendiada por atos investigativos dirigidos ao jornalista no exercício regular da sua profissão”.

Fonte: contraponto.jor.br

Por que os presídios brasileiros têm tantas rebeliões

Presídios como o de Altamira, onde esta semana houve um massacre, estão superlotados, não têm agentes suficientes e são controladas por gangues. Mas há pouco interesse do governo em reformas.

Após massacre, presos em Altamira (PA) foram transferidos para Um enfrentamento violento entre gangues rivais deixou pelo menos 62 mortos em uma prisão de Altamira, no Pará, segundo as informações mais recentes das autoridades do Estado.

Pelo menos 16 dos presos mortos foram decapitados com facas improvisadas, segundo as autoridades e relatos da imprensa. Outros foram asfixiados pela fumaça de um incêndio ou ainda mortos enquanto eram transportados para outro presídio em Belém.

A briga, segundo a Superintendência do Sistema Penitenciário (Susipe) do Estado, aconteceu quando membros de uma gangue colocaram fogo em uma área do presídio onde estavam reunidos integrantes de uma facção rival. Dois agentes penitenciários foram tomados como reféns. Vídeos da rebelião se espalharam pelas redes sociais.

Trata-se do mais violento incidente em uma prisão brasileira desde 1992, quando 111 detentos foram assassinados em São Paulo. Naquela ocasião, policiais militares foram responsáveis por mais de dois terços das mortes. Neste caso, de acordo com a Susipe, os próprios presos foram responsáveis pela maioria – possivelmente todas ― as mortes. Todas as vítimas seriam detentos.

Rebeliões e massacres do tipo acontecem com frequência alarmante no Brasil. No começo de 2017, mais de 100 presidiários morreram em incidentes separados; em maio passado, 55 detentos morreram em dois dias de rebelião em Manaus. Sete presos foram assassinados no presídio de Altamira em setembro do ano passado; 22 outros, em outra prisão paraense em abril último.

Essas rebeliões são de certa forma comparáveis aos atentados cometidos por atiradores em escolas americanas: eventos tragicamente comuns, que causam choque inicial e depois caem no esquecimento – sem que sejam instituídas reformas.

“A violência nos presídios é o resultado previsível de anos de política de encarceramento em massa”, diz Robert Muggah, co-fundador do Instituto Igarapé, centro de estudos do Rio de Janeiro especializado em segurança. 

Infelizmente, a maioria dos brasileiros vai dar de ombros. A população está anestesiada com o derramamento de sangue nas prisões do país.Robert Muggah, co-fundador do Instituto Igarapé

Associated PressFamiliares aguardam notícias do lado de fora do presídio de Altamira.

Especialistas em segurança sugerem que a causa desses incidentes e as mudanças necessárias são óbvias. As prisões brasileiras estão superlotadas e são ambientes desumanos, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça. A combinação de uma Justiça criminal punitiva ao extremo, uma guerra falida contra as drogas, falta de recursos e falta de vontade política para realizar reformas, segundo especialistas ouvidos pelo HuffPost, deixou as cadeias nas mãos de organizações criminosas – como as que entraram em guerra na segunda-feira.

Neste cenário, poucos especialistas esperam que a tragédia de Altamira traga mudanças, especialmente num país governado por Jair Bolsonaro – que prometeu endurecer o combate ao crime em sua campanha presidencial.

Os políticos que apoiam Bolsonaro, e agora servem como aliados essenciais em sua coalizão de governo, continuam manifestando orgulhosamente sua despreocupação com a tragédia.

“Fodam-se”, disse o deputado e ex-policial militar paranaense Gilson Cardoso Fahur (PSD-PR). “Estou preocupado com os guardas.” 

‘Prefiro morrer’ a ir para a prisão

As prisões brasileiras são notoriamente mortais. Em 2012, o então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que os presídios brasileiros são “medievais” e afirmou que preferiria morrer a passar um único dia atrás das grades. Centenas de detentos morrem a cada ano sob os cuidados do Estado, e a violência das gangues não é o único motivo.

A defensoria pública do Rio de Janeiro afirma que muitos dos 270 presos mortos no Estado em 2017 sucumbiram a doenças tratáveis, segundo a Human Rights Watch.

Mais de 800 mil pessoas estão presas no Brasil, mais que qualquer outro países do mundo com exceção de Estados Unidos e China. O número de detentos é quase duas vezes superior à capacidade das prisões.

Em 2015, o pesquisador da Human Rights Watch (HRW) César Muñoz, especialista em sistema penitenciário brasileiro, descreveu entrar numa “cela úmida, insalubre, com seis camas de concreto, ocupada por 60 homens, onde não havia nem sequer espaço para que todos se deitassem no chão”. Em alguns estados, as populações carcerárias são de três a cinco vezes maiores que a capacidade dos presídios.

Segundo a HRW, os membros das gangues operam com relativa liberdade dentro dos presídios, graças ao acesso fácil a celulares e outros métodos de comunicação. Eles transformaram a disputa por rotas lucrativas de tráfico de drogas pelo país em uma guerra pela supremacia dentro das cadeias. Com a expansão das gangues pelo país em direção ao norte, essas guerras estão se intensificando – os recentes incidentes em Manaus e Altamira envolveram gangues tradicionalmente baseadas em São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente.

Em muitas prisões brasileiras, a proteção é oferecida pelas gangues criminosas. Ou você entra para uma delas, ou está sozinho.Maria Laura Canineu, diretora da Human Rights Watch no Brasil

“Com a superlotação e a falta de pessoa, é impossível que qualquer prisão mantenha o controle”, diz Maria Laura Canineu, diretora da Human Rights Watch no Brasil. “Portanto, muitas das prisões brasileiras são controladas pelas gangues, não pelo estado.”

Na prisão de Altamira não é diferente. A cidade passou por um recente boom, graças às obras da usina de Belo Monte. Mas o crescimento populacional e o desenvolvimento deixaram à margem muitos moradores da região e contribuíram para o crescimento do tráfico de drogas – daí o grande número de jovens presos.

O presídio onde houve o massacre comportaria 150 presos – mas mais de 300 detentos. E eles contavam com poucas alternativas.

“Neste presídio especificamente, pelo que diz o Conselho Nacional de Justiça, não havia bloqueadores de celulares, enfermaria, biblioteca, sala de aula, oficinas para trabalhar”, disse Canineu ao HuffPost. “Era zero, zero, zero oportunidade para fazer qualquer coisa [que não brigar].”

“Os detentos ficam largados sem estrutura nenhuma e têm de procurar segurança”, diz ela. Em muitas prisões brasileiras, a proteção é oferecida pelas gangues criminosas. Ou você entra para uma delas, ou está sozinho. É o lugar perfeito para recrutar criminoso. O estado está ajudando as gangues a recrutar.”

Uma dependência exagerada no encarceramento 

Em todo o País, a resposta típica dos líderes políticos a esses problemas é construir mais presídios, algo que Bolsonaro também defendeu em sua campanha.

A solução não tem funcionado. O Brasil vem construindo novas prisões continuamente na última década, mas o total de detentos aumenta em um ritmo quase duas vezes superior ao das nova camas, segundo estatísticas do Ministério da Justiça.

“Construir mais prisões não vai resolver o problema”, diz Muggah, co-fundador do Instituto Igarapé. “A única maneira para mudar a situação no curto prazo é reduzir o total e o fluxo de detentos.”

Especialistas em direito criminal e entidades de defesa dos direitos humanos afirmam que o sistema penal brasileiro precisa ser menos punitivo e mais eficiente, em parte reduzindo o número de presos antes do julgamento. Em 2015, quase 40% dos detentos do País ainda aguardavam ser julgados, e a maioria deles era encarcerada junto com condenados.

Procuradores e juízes tendem a favorecer sentenças, não programas de reabilitação, até mesmo para primeiras condenações ou crimes não-violentos. E a falta de defensores públicos aumenta a probabilidade de sentenças de prisão. Enquanto isso, os investimentos no sistema prisional muitas vezes são maiores que os em desenvolvimento comunitário, educação e outras estratégias preventivas, especialmente em comunidades pobres, segundo o Instituto Sou da Paz, centro de estudos de São Paulo que publicou uma lista de recomendações. Resultado: o índice de reincidência no país fica em torno de 70%.

ASSOCIATED PRESSO presidente Jair Bolsonaro, que fez campanha prometendo endurecer o combate ao crime, defende políticas que podem exacerbar os problemas nas prisões.

“Investir na prisão de acusados de crimes não-violentos é uma aposta dúbia em termos de segurança pública”, disse este ano Ivan Marques, diretor do instituto. “É essencial redirecionar recursos e esforços para programas de treinamento e inclusão de jovens, além de confrontar a pobreza extrema e a reintegração social da população carcerária.”

Algumas iniciativas estão em curso, particularmente no Judiciário e no Ministério da Justiça. Juízes e painéis de supervisão estão tentando reduzir as detenções antes dos julgamentos e ampliar as audiências preliminares para os acusados.

Mas o progresso é lento, especialmente longe das grandes capitais.

A abordagem fracassada defendida pelo presidente 

Bolsonaro defende uma abordagem mais dura. O ex-militar, que já elogiou a ditadura e prometeu dar mais poderes para a polícia matar supostos traficantes. “Bandido bom é bandido morto” era um de seus slogans.

Neste caso específico de Altamira, o presidente minimizou as mortes que ocorreram enquanto os presos eram transferidos: “problemas acontecem, está certo?”. Embora a Constituição proíba, ele defendeu o trabalho forçado dentro de presídios. 

“Eu sonho com um presidio agrícola. É cláusula pétrea, mas eu gostaria que tivesse trabalho forçado no Brasil para esse tipo de gente. Não pode forçar a barra. Ninguém quer maltratar presos nem quer que sejam mortos, mas é o habitat deles, né”, disse. 

O presidente também tem o costume de dizer que seus adversários da esquerda e as organizações de direitos humanos querem mimar os criminosos. Ele é a favor da construção de mais presídios e ignora a preocupação com direitos humanos – nas cadeias ou fora delas.

“O principal ponto do governo Bolsonaro é endurecer as penas, transferir os líderes das gangues para prisões com mais segurança e construir novos presídios”, afirma Muggah.

Mas esse caminho pode ser um tiro pela culatra, segundo o especialista. Embora os níveis aterradores de crimes violentos tenham ajudado a eleger um presidente linha-dura, anos de políticas agressivas na segurança pública não reduziram a criminalidade. E as condições desumanas das cadeias alimentam as gangues: o maior cartel do tráfico de drogas do país, o PCC, começou com uma revolta em relação às condições da prisão onde estavam detidos seus líderes.

“A ideia [de Bolsonaro] é simplesmente esquecê-los. Trancar a porta e esquecer que eles existem”, diz Canineu. “Essa é a política implementada no Brasil há muitos e muitos anos, e sabemos que ela não funciona.”

É um ciclo vicioso, e mais derramamento de sangue é virtualmente uma certeza.

“As reformas necessárias? Não as vejo sendo implementadas”, diz Canineu. “Só podemos esperar pelo melhor, mas não temos muitas expectativas.” 

*Este texto foi originalmente publicado no HuffPost US, traduzido do inglês e atualizado para o público brasileiro.

Fonte:huffpostbrasil.com

Criminosos gastaram quase R$ 1 milhão em plano para roubar ouro em Cumbica, diz polícia

       Plano foi iniciado com ambulância atravessada na rua; policiais veem semelhanças com série de TV     

e2019 07 28"Esse pessoal com certeza assistiu à 'Casa de Papel'", afirmou um integrante da cúpula de inteligência da Polícia Civil de São Paulo ao analisar o assalto que, na quinta-feira (25), levou 720 quilos de ouro do terminal de carga do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP).

A comparação com a série em que um bando de ladrões apelidados por codinomes geográficos invade a Casa da Moeda da Espanha e o Banco Central espanhol com planos mirabolantes indica o nível de roteirização com que o crime em Cumbica, segundo a polícia, foi perpetrado.

Os investigadores estimam que a quadrilha tenha gasto cerca de R$ 1 milhão para levar a cabo o roubo. Até a conclusão desta reportagem, porém, não havia informação de quem fosse o dono do ouro, que estava no aeroporto para ser transportado para os Estados Unidos e para o Canadá e tem valor estimado em R$ 120 milhões.

Se o assalto ao terminal de carga, às 14h30 de quinta-feira, durou apenas dois minutos e meio, a operação criminosa consumiu mais de 30 horas.

Começou por volta das 8h da véspera, quando uma ambulância encardida atravessou a rota do aeroviário Peterson Patrício, 33, na rua Pacheco do Couto, minutos após ele sair de casa, na Vila Ester, zona leste da capital. Forçado a parar, Patrício viu um homem armado descer do veículo de emergência, andar até seu carro e retirar dele a mulher, Priscila, levada para o interior da ambulância pelo bandido.

Em seu depoimento à polícia, relatado a jornalistas pelo delegado João Carlos Miguel Hueb, Patrício disse que o homem fez então uma intimação: “A gente já sabe sua função lá [no aeroporto], a gente está te rendendo por causa disso. Queremos que você nos leve até a carga de ouro, que a gente sabe que vai chegar, que vai ser entregue tal dia, tal hora”. 

A partir daí, com sua mulher levada para um local desconhecido e sob ameaça, o funcionário do terminal teria sido obrigado a realizar as tarefas que a quadrilha definiu, declarou a polícia. Por volta das 16h da mesma quarta-feira (24), ele deveria esperar um novo contato em um ponto da avenida Jacu Pêssego, também na zona leste da capital.

Patrício disse em seu depoimento, tomado na madrugada desta sexta (26), que teve receio da represália e por isso não chamou a polícia. Cumpriu as ordens e esperou por parte do bando na hora e no local marcados.

Dois bandidos apareceram e levaram o aeroviário de volta para a própria casa. Ali, fizeram reféns a sogra dele, um cunhado e três crianças, sendo duas delas seus filhos (as idades não foram informadas).

Todos ficaram sob o domínio dos criminosos até a tarde de quinta-feira (25), por volta das 13h, quando Patrício foi liberado para ir trabalhar. Ele deveria agir normalmente no trabalho e esperar pelos assaltantes no interior do aeroporto. 

O plano estabelecia que ele ajudasse a quadrilha a entrar no terminal de carga e indicasse onde o ouro estava.

Patrício seguiu as orientações. Quando saiu de casa, dois criminosos permaneceram com a família dele, enquanto a mulher era mantida em cativeiro em um segundo local, desconhecido.

Por volta das 14h30, os criminosos entraram na área de cargas do terminal em duas picapes pintadas para parecerem viaturas da Polícia Federal, mostram as imagens feitas por câmeras de segurança. Eram oito homens, segundo a concessionária que administra o local, GRU Airport. Estavam vestidos como policiais federais.

Primeiro, fizeram um porteiro refém e, na sequência, embarcaram Patrício no banco de trás de um dos veículos. Foi ele quem indicou onde estava o ouro e ajudou a carregar a caminhonete dos criminosos. Trinta e um malotes foram colocados na caçamba de uma das caminhonetes, enquanto a outra guardava a entrada.

Após embarcarem o ouro, o funcionário foi levado mais uma vez como refém dos bandidos, que seguiram para um terreno na região do Jardim Pantanal, zona leste, a cerca de 12 quilômetros do aeroporto. Ali, transferiram o ouro dos veículos clonados da PF para duas caminhonetes de luxo que já esperavam no local.

Todo o tempo, relataram as vítimas, os bandidos estavam com toucas estilo ninja e usavam luvas, para não deixar digital impressa e, com isso, evitar que a polícia os identificasse.

Também usaram extintores de incêndio com pó químico, aplicando o produto na tentativa de apagar eventuais marcas deixadas acidentalmente nos veículos.

A bordo dessas novas caminhonetes, os bandidos seguiram para uma outra área na avenida São Miguel, região de São Miguel Paulista, ainda na zona leste. Atrás de um salão de forró,  acionaram a última parte do plano: trocar novamente de veículo.

A polícia diz acreditar que pelo menos dez pessoas tenham participado da operação criminosa, que empregou ao menos seis veículos, armamento —inclusive dois fuzis avaliados em R$ 50 mil cada um— e outros equipamentos, como coletes e roupas especiais.

As caminhonetes, duas delas blindadas e envelopadas para mudar de cor, não são produto de roubo: foram compradas especialmente para ação.

Patrício foi liberado na primeira troca, das viaturas clonadas para as caminhonetes brancas. Quase simultaneamente, sua família e sua mulher também eram libertados pelos criminosos.

"Dá para entender que é uma quadrilha muito organizada, conhece meios de investigação, pois utilizaram inclusive extintor de incêndio em veículos. Não foi o primeiro roubo deles, com certeza", disse o delegado.

Desde que o bando trocou de carros pela segunda vez e fugiu, a polícia não tem pista de seu paradeiro. Não havia, na tarde desta sexta (26), informação sobre esses veículos.

O governador João Doria (PSDB) criticou nessa sexta a empresa responsável pela carga roubada. “Você não pode imaginar que uma carga de R$ 130 milhões seja transportada, ainda que numa área restrita do aeroporto, sem escolta policial. A polícia não foi sequer avisada que estava havendo transporte deste valor. Fruto dessa imprudência, uma quadrilha organizada, preparada e bem informada agiu e conseguiu obter o resultado do roubo”, disse o governador em coletiva para jornalistas.

Fonte: uol

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