A Rússia teria transformado o Brasil em uma "fábrica de espiões", enviando agentes para países como Estados Unidos, Europa e Oriente Médio, conforme uma investigação do jornal americano The New York Times. O objetivo era que esses espiões obtivessem identidades brasileiras e passassem anos no país antes de atuarem no exterior.
A escolha do Brasil como base se deu por diversos fatores:
- O passaporte brasileiro é amplamente aceito e permite entrada sem visto em muitos países.
- A diversidade da população brasileira facilita que pessoas com traços europeus passem despercebidas.
- Em áreas rurais, é possível registrar certidões de nascimento com o testemunho de duas pessoas, sem comprovação hospitalar.
- A postura historicamente neutra do Brasil em relações internacionais e o bom relacionamento com Moscou também contribuíram para a escolha.
A operação foi desmantelada por agentes de contrainteligência da Polícia Federal brasileira, em uma ação chamada Operação Leste, com a colaboração de pelo menos oito países, incluindo Estados Unidos, Israel, Holanda e Uruguai. Os agentes russos usavam documentos falsos e construíam laços sociais, abrindo negócios como joalherias ou se passando por modelos e estudantes, para dar credibilidade aos seus disfarces.
Muitos desses espiões foram identificados e expostos, com alguns sendo presos, como Sergey Cherkasov, que se passava pelo brasileiro Victor Müller Ferreira e está detido em Brasília. As autoridades brasileiras emitiram alertas pela Interpol com base no uso de documentação falsa, já que a espionagem em si não é considerada um crime internacional.
Este desmantelamento representou um golpe significativo no programa de imigração ilegal de Moscou, tornando improvável que esses agentes possam atuar novamente fora da Rússia com suas identidades expostas.