
Durante a inspeção no PJALLB, ocorrida no dia 30 do mês passado, foi emitido um relatório em que o MPF constatou que um dos detentos “vive em uma cela de luxo” com TV de tela plana, geladeira, gelágua e até mesmo um banheiro exclusivo.
“A vistoria também constatou a ocorrência de internos presos por muito tempo ainda sem o julgamento dos respectivos casos. Outra questão que persiste é a figura do “chaveiro”: um interno que faz a gestão dos pavilhões em troca de privilégios. Em uma das celas destinadas a esse interno, o Copen verificou a existência de TV de tela plana, geladeira, gelágua e banheiro exclusivo. Identificou-se também que foram desinstaladas as estruturas que ofereciam possibilidade de trabalho aos presos”, relatou o MPF, por meio de nota.
De acordo com o órgão ministerial, a procuradora da República Silvia Regina Pontes Lopes, que representa o MPF no Copen/PE,, participou da inspeção.
“Essa foi a sexta unidade prisional vistoriada pelo colegiado este ano. Já passaram pela inspeção o Centro Integrado de Ressocialização de Itaquitinga, o Presídio de Igarassu, a Penitenciária Feminina de Abreu e Lima, o Presídio Frei Damião de Bozzano (PFDB), que também é parte do Complexo do Curado, e a Colônia Penal Feminina Bom Pastor”, destacou o MPF em npta.
Ainda segundo o MPF, o PJJALB tem atualmente 464 vagas ocupadas, de um total de 901, de acordo com os dados do Governo do Estado.
“Em 2021, a unidade foi interditada a partir da atuação da Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça, que monitora o cumprimento da decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Esse organismo internacional condenou o Brasil, em 2014, pelas condições degradantes de superlotação carcerária no Complexo Prisional do Curado. À época da interdição, o PJALLB abrigava cerca de 2,5 mil internos”, detalhou o MPF.
Redução da população carcerária no PJALLB
Segundo o MPE, a adoção de medidas nas áreas judiciais e administrativas reduziu a população carcerária no PJALLB.
“O Copen verificou, porém, que nem todas as vagas ociosas podem ser usadas, situação similar a de outras unidades prisionais vistoriadas. Os motivos são, entre outros, a impossibilidade de convivência de certos internos em um mesmo espaço, pelo risco de conflito, e o baixo efetivo policial. No PJALLB, são apenas 12 policiais penais por plantão, número que se reduz quando os servidores estão em algum tipo de afastamento”, explicou o órgão ministerial em nota.
Relatórios
De acordo com o MPF, nas inspeções do Copen, são colhidas informações sobre a infraestrutura física e de serviços de cada unidade prisional. Os relatórios com o resultado são encaminhados aos órgãos competentes do Governo de Pernambuco e ao Poder Judiciário.
O que diz o governo
Por meio de nota, o governo disse que o Pjallb registra 459 presos para 901 vagas disponíveis.
Atualmente, há 145 reeducandos trabalhando e 142 estão matriculados na escola.
O Pjallb e outras unidades prisionais estão passando por requalificações estruturais para a implantação de unidades fabris e o aumento na empregabilidade de reeducandos.
Ainda segundo o Estado, para reforçar a segurança e combater as ações ilícitas nas unidades prisionais, foram nomeados 240 policiais penais em junho de 2024.
O Governo do Estado já havia nomeado 421 profissionais, somando 661.
"Esse número corresponde a mais de três vezes o quantitativo de profissionais previstos no edital do último concurso, realizado em 2021", acrescentou.
Com relação ao número de vagas, diversas obras estão em andamento: no Complexo do Curado, uma nova unidade vai disponibilizar 954 vagas até setembro.
As obras estão com mais de 95% concluídas. Mais 814 vagas serão entregues, até novembro deste ano, no lote 1 do Complexo Penitenciário de Araçoiaba. Ao todo, o Governo de Pernambuco pretende entregar até o final desta gestão 7.950 novas vagas e implantar sete unidades fabris no sitema prisional do Estado.