Após 13 anos cumprindo pena por roubo, Thomas White, de 42 anos, será transferido de uma prisão de segurança máxima no Reino Unido para um hospital psiquiátrico. A informação foi divulgada nesta semana pelo jornal “The Independent”, que acompanha o caso desde 2023.
A decisão ocorre após uma campanha de seis anos feita por sua família.
White cumpre uma pena do tipo IPP (sigla em inglês para Imprisonment for Public Protection), regime de prisão sem prazo máximo criado para casos considerados de risco à sociedade, abolido em 2012 por pressão de entidades de direitos humanos, mas ainda válido para casos anteriores. Ele foi condenado quatro meses antes da extinção da medida, com pena mínima de dois anos, mas segue preso até hoje.
Segundo o jornal, White desenvolveu esquizofrenia paranoide e psicose durante o cumprimento da pena. Em 2023, ateou fogo no próprio corpo dentro da cela, após sucessivas recusas de tratamento hospitalar. Em março deste ano, teve outra crise, quando bateu repetidamente com o rosto no chão da cela.
Ele já passou por 12 transferências entre presídios e foi impedido de ver o filho durante a maior parte da pena. Relatórios psiquiátricos recomendavam a internação em unidade hospitalar. O mais recente, de fevereiro, destacou que ele estava “lutando para suportar o ambiente carcerário” e sofria “frustração profunda” com a situação.
Segundo a família, ele será levado para uma unidade psiquiátrica de segurança média. A irmã, Clara White, afirmou que ele “deixará de ser prisioneiro para se tornar paciente”.
Advogados e entidades de saúde mental afirmam que manter White na prisão era desumano, devido ao seu estado clínico e às condições da unidade, que já foi alvo de denúncias de más condições, violência, uso de drogas e mortes por suicídio.
De acordo com dados de organizações civis, ao menos 94 presos sob este regime tiraram a própria vida. Dos 2.614 que ainda cumprem esse tipo de pena, cerca de 700 já ultrapassaram em mais de 10 anos o tempo mínimo fixado pela Justiça.