Policiais tratavam traficantes como chefes e liberaram caminhões sob propina

d01271 O escrivão da Polícia Civil, Gustavo Cristaldo de Arantes, não é o único policial que ajudava a quadrilha de tráfico de drogas liderada por Joesley da Rosa. Apesar de a segunda fase da Operação Snow não trazer nomes, já se sabe que agentes da Defurv (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Furtos e Roubos de Veículos) foram cooptados pela organização e receberam propina para apreenderem caminhões supostamente roubados e os devolverem a Joesley.

RESUMO

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A investigação da Operação Snow desvendou a corrupção de policiais civis em Mato Grosso do Sul, cooptados por uma quadrilha de tráfico de drogas liderada por Joesley da Rosa. Um escrivão, Gustavo Cristaldo de Arantes, e agentes da Defurv receberam propina para auxiliar na recuperação de caminhões supostamente roubados, esquema que envolveu o advogado Antônio César Jesuino e Rodney Gonçalves Medina. As mensagens revelam a relação de subserviência entre os policiais e os criminosos, com pagamentos intermediados por Rodney e transferências de Joesley para Jesuino. Além disso, Gustavo era investigado por auxiliar outros criminosos e repassar informações sigilosas, indicando uma prática reiterada de corrupção.

No caso dos caminhões, Joesley forjou roubo dos veículos através de outros dois denunciados, o advogado Antônio César Jesuino e Luiz Paulo da Silva Santos. Dois veículos - um Iveco Tetor 310, ano 2021/2022 e um VW 25.420 CTC, ano 2014 - estavam “apreendidos” em empresa de reciclagem como garantia de pagamento de dívida de agiota de Luiz.

Para reavê-los, Antônio César, a serviço de Joesley, registrou boletim de ocorrência contra Luiz Paulo alegando que este teria subtraído dois caminhões. Alegava que Luiz era da confiança de Joesley e lhe prestava serviços, e se aproveitou da situação para furtar os veículos. A história foi inventada para usar a força policial, através de pagamento de propina, para apreender os caminhões da empresa de reciclagem e devolvê-los a Joesley.

“Não passa despercebido, ainda, que a atuação de ANTONIO CESAR JESUINO não se limitou à falsa denunciação de crime, mas também envolveu o pagamento de propina a agentes públicos para que os caminhões apreendidos fossem devolvidos a JOESLEY DA ROSA”, revela a denúncia.

O valor acordado seria de R$ 30 mil entre o advogado e os policiais, mas Antônio César teria informado que os policiais passaram a pedir mais dinheiro para a devolução do caminhão. Primeiramente, seriam pagos R$ 5 mil antes da entrega dos veículos e os R$ 25 mil restantes depois. Entretanto, os policiais teriam passado a pedir um adicional de R$ 10 mil, totalizando o pagamento inicial em R$ 15 mil.

Tal pagamento entre o advogado e Joesley estava sendo mediado por Rodney Gonçalves Medina, também denunciado, e este, em determinado momento, depois do registro do boletim, “cobra o interlocutor identificado como “2 Dp (Policia)” a realizar a apreensão dos caminhões “Bora prender os caminhões?”

O policial civil não identificado responde a Rodney que na data em questão não poderia fazer a apreensão dos caminhões na empresa de reciclagem porque tinha um compromisso no Fórum de Campo Grande. “Não passa despercebido que o interlocutor, que é um policial civil, trata RODNEY GONÇALVES MEDINA nas mensagens como 'chefe', a indicar subserviência, como ainda que não era a primeira vez que conversavam.”

Na conversa, o policial diz a Rodney: “Chefe estou com compromisso no Fórum, como havia dito para Sr. Estamos verificando melhor abordagem para a ocorrência” e em 6 de dezembro de 2023 os caminhões, que estavam já no pátio da Defurv, são restituídos a Joesley e um dia depois, o líder da quadrilha fez “duas transferências de R$ 10.000,00 (dez mil reais) cada para ANTONIO CESAR JESUINO, totalizando o montante de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), conforme medida cautelar de afastamento do sigilo bancário do líder da organização criminosa.”

Ao todo, Antônio César recebeu de integrantes da organização criminosa, R$ 50.290,38 entre outubro de 2023 e fevereiro de 2024. “Em resumo, os atos praticados por ANTONIO CESAR JESUINO, entre os quais a falsa denunciação de crime e o pagamento de propina a agentes públicos, este último de maneira reiterada e constante, são absolutamente incompatíveis com o exercício da advocacia e demonstram a participação dolosa dele na organização criminosa”, relata a denúncia.

Gustavo - Pedindo a perda do cargo de escrivão de polícia de Gustavo Cristaldo de Arantes, a denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) reforça que ele não atuava apenas com o grupo criminoso de Joesley e com recebimento de propina, o policial afastado ajudava outros bandidos repassando informações sigilosas de banco de dados das Forças de Segurança de Mato Grosso do Sul.

“Essa atuação em benefício de organizações criminosas não é fato isolado na carreira do policial civil GUSTAVO CRISTALDO DE ARANTES, que em março de 2024 foi alvo da Operação Juramento Quebrado, deflagrada pela DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e de Proteção à Pessoa), por estar vinculado a grupo de extermínio que atuava no bairro Moreninhas, em Campo Grande/MS”, enfatiza o documento.

O policial era lotado na delegacia de Ribas do Rio Pardo e na época foi determinada judicialmente a suspensão do exercício da função pública “com a consequente supressão de acesso a todos os sistemas de informação decorrentes da condição de policial, diante do fundado receio de sua utilização para a prática de infrações penais.”

Não é revelado quanto ele recebia pelos serviços, mas estes eram mediados pelo advogado Vlandon Xavier Avelino, que recebia os pagamentos feitos por Joesley em espécie. O defensor pedia informações sobre possíveis mandados em aberto contra seu cliente e o policial as repassava ao checar o Sigo (Sistema Integrado de Gestão Operacional), restrito às Forças de Segurança.

“Ao analisar Auditoria do Sistema Sigo para o dia 07/06/2023, para relacionar as pessoas que realizaram checagem ao nome de JOESLEY DA ROSA, o único servidor que solicitou checagem ao prontuário de JOESLEY foi GUSTAVO CRISTALDO DE ARANTES, (...), Escrivão de Polícia Judiciária que naquela data era lotado na Delegacia de Ribas do Rio Pardo – MS.”

Segundo o Gaeco “importante registrar que, nesses casos, a atuação de VLANDON XAVIER AVELINO não era voltada à defesa jurídica dos motoristas presos, que figuravam formalmente como seus “clientes”, mas sim para garantir os interesses de JOESLEY DA ROSA.”

Sobre os pagamentos por seus serviços, Vlandon recebia em espécie “para se preservar”. “Nessa atividade, quando possível, essa é a regra, justamente para se evitar o “follow the money”. E dinheiro vivo era uma coisa que não faltava ao líder da organização criminosa, JOESLEY DA ROSA”, reforça a denúncia, mostrando cofre recheado de notas na casa do líder da quadrilha.

Para o Gaeco, “a relação entre JOESLEY DA ROSA e VLANDON XAVIER AVELINO não é de cliente/advogado, mas sim de parceiros, comparsas do crime”, e que ELE “não só presta serviços jurídicos à organização criminosa, mas também a integra como membro.”

Fonte: https://www.campograndenews.com.br/brasil/cidades/policiais-tratavam-traficantes-como-chefes-e-liberaram-caminhoes-sob-propina

Quem é Leão, PM que coordenava esquema milionário de proteção ao PCC

d0125 São Paulo — Pelo menos seis policiais da Rota, batalhão de elite da Polícia Militar (PM), teriam participado do esquema de vazamento de informações sigilosas que beneficiou chefões do Primeiro Comando da Capital (PCC) na zona leste. Segundo investigação da Corregedoria da PM, o grupo era coordenado por um policial conhecido como Leão, que integrava o setor de inteligência do batalhão especial.

Os principais beneficiários do esquema pertenciam à célula do PCC ligada à empresa de ônibus UpBus, que seria usada para lavar dinheiro. Entre eles, Silvio Luiz Ferreira, o Cebola, foragido da polícia, e Guinho, detido em Presidente Venceslau.

De acordo com as investigações, a “mensalidade” paga pelos integrantes da facção aos policiais para obter informações privilegiadas era de R$ 600 mil.

Em situações específicas, no entanto, os PMs exigiam valores maiores, como no caso da Operação Sharks, em setembro de 2020, quando cobraram R$ 5 milhões para permitir a fuga de Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, então líder máximo do PCC fora do sistema carcerário.

O mesmo ocorreu com o próprio Cebola, que teria escapado de uma ação do Ministério Público (MPSP) para prendê-lo na festa de aniversário de Ahmed Hassan, advogado apontado como envolvido nos esquemas de lavagem de dinheiro do PCC.

Mesmo após sair da Rota, o policial identificado como Leão teria continuado a receber como se atuasse para o batalhão.

Usufruindo do dinheiro obtido com a venda de informações para o PCC, Leão abriu dois estabelecimentos em “homenagem” à Rota na zona leste, ambos com o nome de “Rota’s Bar”: uma espécie de adega, no Jardim Helena, e um restaurante, em Itaquera.

Cooptação dos PMs

Segundo informações internas da Polícia Militar, a suspeita é que a atuação conjunta entre policiais e o PCC aconteça desde, pelo menos, 2017. A cooptação de PMs da Rota pelo crime teria se intensificado, em 2021, a partir de uma “entrevista” de um importante traficante da facção para promotores.

Na conversa informal, que ocorreu dentro do batalhão da Rota, o criminoso deu uma série de detalhes sobre o funcionamento do esquema, explicando a atuação conjunta entre policiais e o PCC.

Foi nessa ocasião que a cúpula da Rota teria sido informada sobre o esquema que beneficiou Tuta durante a Operação Sharks, deflagrada pelo Ministério Público no ano anterior.

A suspeita da PM é que, para a facção, a conversa informal tenha sido uma espécie de “sinal verde” para tentar aproximação com os PMs da Rota.

Fonte: https://www.metropoles.com/sao-paulo/quem-e-leao-pm-que-coordenava-esquema-milionario-de-protecao-ao-pcc

Chefe do alto escalão da polícia conhecido como ‘Caipira da Ostentação’ é afastado

d0120 O comunicado da Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo desta sexta-feira (17) é que o delegado Fábio Pinheiro Lopes, conhecido como Caipira, um dos titulares do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), é investigado pelo Ministério Público Estadual (MPE) por suspeita de enriquecimento ilícito. Por esse motivo, a Polícia Civil promoveu mudanças na chefia de dois departamentos especializados da instituição.

Conhecido como Delegado da Ostentação, Caipira já tem sido alvo de questionamentos quanto ao patrimônio desde 2013. Em meio ao sucesso da música “Camaro Amarelo”, o agora ex-chefe do Deic já foi foco de apuração por possuir na época o veículo de luxo da canção, mas na cor branca, além de uma coleção de relógios de alto padrão. Lopes, recebia um salário mensal de R$ 8 mil. Somente o Camaro e os relógios foram avaliados em mais de R$ 330 mil. Questionado por jornalistas no desenrolar das investigações, o delegado ainda ironizou: “Não posso ter um Camaro?”. Na ocasião, a justificativa de Caipira para os bens era que ele tinha uma empresa de consultoria empresarial, além de ser de família rica, com os pais donos de terras. Agora, novamente, o delegado foi afastado sob a mesma suspeita.

Enquanto as apurações são feitas quanto ao patrimônio de Fábio Pinheiro Lopes, no Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos), o delegado Carlos César Castiglione assume a direção no lugar de Dr. Ronaldo Augusto Comar Marão Sayeg. Castiglione atua na Polícia Civil desde 1993. Passou 14 anos na Divisão Antissequestro e já atuava no Denarc, mas na Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise), e esteve à frente, juntamente com o Dr. Sayeg, da Operação Downtown, uma das mais importantes do ano de 2024 para desarticular o ecossistema do crime organizado em diferentes pontos da região central.

Sayeg, por sua vez, deixa a diretoria do Denarc para assumir o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), antes chefiado por Caipira. O novo titular do Deic tem 26 anos de carreira e é mestre em direito, justiça e desenvolvimento, e doutorando em função social do direito. Assim como Castiglione., Sayeg também é professor na Academia de Polícia “Dr. Coriolano Nogueira Cobra”

Também foi publicada em Diário Oficial a dispensa da corregedora Rosemeire Monteiro de Francisco Ibanez, que havia pedido afastamento do cargo no fim do ano passado. A coluna procurou a defesa do delegado Fábio Pinheiro Lopes para manifestação, mas, até a publicação do texto, não houve retorno. Por isso o espaço segue aberto para atualização.

Fonte: https://webtvparacatu.com.br/chefe-do-alto-escalao-da-policia-conhecido-como-caipira-da-ostentacao-e-afastado/

Banco de chineses movimentou ilegalmente R$ 6 bi para 15 países

d0117 Um grupo de chineses é suspeito de comandar parcialmente o gerenciamento de um banco com movimentações bilionárias no Brasil, que encaminhou irregularmente muito dinheiro a outros países e aplicou crimes financeiros na casa dos R$ 6 bilhões nos últimos cincos anos, segundo a Polícia Federal (PF).

O esquema ocorreria por meio de uma associação de um grupo chinês com organizações criminosas voltadas ao tráfico e contrabando. Haveria ainda uma possível ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC). De acordo com a Polícia Federal, um dos donos do banco seria um policial civil do estado de São Paulo. O policial apareceu, inclusive, em uma delação premiada contra o PCC, fechada pelo empresário Vinicius Gritzbach, que foi morto a tiros em 8 de novembro do ano passado no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

A investigação aponta que nem todas as operações do banco são ilegais. O esquema começou há mais de dois anos. Há indícios de envolvimento no suposto esquema fraudulento de quadrilhas especializadas no tráfico de drogas, de armas e no contrabando.

Parta chegar ao montante bilionário das fraudes, a PF rastreou cerca de R$ 120 bilhões em movimentações financeiras entre operações de débito e crédito. Gerentes bancários e contadores também são suspeitos de integrar o esquema. Dezesseis pessoas foram presas no fim de novembro de 2024, suspeitas de operarem o esquema fraudulento.

Segundo as investigações, a organização atuou em pelo menos 15 países, muitos considerados paraísos fiscais, onde eram realizadas lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Durante esse período, os valores bilionários circularam, de acordo com a PF, além do Brasil para: China e Hong Kong, Estados Unidos, Canadá, Panamá, Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Peru, Holanda, Inglaterra, Itália, Turquia e Emirados Árabes.

Segundo a PF, o banco oferecia serviços a interessados em geral, inclusive a quem tinha como objetivo driblar o fisco e praticar evasão de divisas. Por esse motivo, a Receita Federal participa das análises fiscais.

Fraudes representam aperfeiçoamento dos serviços de doleiros

Segundo a PF, o esquema representa um aperfeiçoamento dos trabalhos de doleiros para atender qualquer pessoa que tivesse como objetivo ocultar capital, lavar dinheiro, enviar ou receber valores do ou ao exterior e para isso eram utilizadas ao menos três fintechs. Não foi divulgada a relação de todas elas. Sabe-se apenas que o banco supostamente comandado em parte por chineses e que teria um policial civil como proprietário seria o 2 Go Bank.

O banco disse à Gazeta do Povo que a “instituição de pagamento segue rigorosas políticas de compliance, anticorrupção e de combate à lavagem de dinheiro, que obedecem aos padrões de mercado mais elevados — todas públicas, disponíveis em seu site”. “A 2GO acrescenta que está colaborando com as investigações e segue à disposição das autoridades”.

O policial civil do estado de São Paulo estaria na relação de delatados, por corrupção, apontado pelo empresário Vinicius Gritzbach. Somente no ano passado, o homem apontado como o líder do grupo teria movimentado cerca de R$ 800 milhões.

À Gazeta do Povo, a Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) disse que o policial civil está afastado de suas funções desde dezembro de 2022. “A Corregedoria da Polícia Civil, que também apura os fatos, acompanha os desdobramentos da operação (...) e está à disposição da Polícia Federal para colaborar com as investigações”.

A reportagem procurou a defesa do policial civil, mas até a publicação da reportagem não obteve retorno. O espaço segue aberto às manifestações.

Em uma operação deflagrada pela PF de Campinas (SP) no fim de novembro, na qual o policial suspeito e outras 15 pessoas tiveram prisão preventiva decretada, foram apreendidos R$ 1,5 milhão em dinheiro e a Justiça Federal autorizou o bloqueio de R$ 10 bilhões em mais de 200 empresas suspeitas de atuarem em favor do bando.

Como eram feitas as transações bancárias ilegais

Segundo o inquérito policial, o principal objetivo era enviar remessas para o território chinês ocultando capitais, lavando dinheiro ou burlando a fiscalização e taxações no envio e recebimento internacional de dinheiro. Para essas transações, revela a PF, a suposta organização criminosa usava meios como:

  • Boletagem: Com emissão de boletos é possível oferecer serviços de intermediação financeira e usar boletos para "esquentar" valores, criando a aparência de transações comerciais legítimas.
  • Empresas de fachada: organizações fictícias criadas para disfarçar operações ilegais, ocultar recursos financeiros ou facilitar crimes como lavagem de dinheiro, corrupção e evasão fiscal.
  • Laranjas: em um esquema criminoso são pessoas que emprestam seus nomes ou dados para ocultar os verdadeiros responsáveis por atividades ilegais.
  • Falsificação de documentos de importação e exportação: criminosos se aproveitam da complexidade da burucracia do comércio internacional para falsificar documentos e evitar a apreensão de mercadorias pelas autoridades.
  • Pulverização de operações bancárias: prática de dividir uma grande operação financeira em várias transações menores. Isso pode ser feito para facilitar a gestão do risco ou para atender a diferentes clientes e regiões. Porém, em alguns casos, pode ser usado de forma ilícita, como para evitar alertas de monitoramento financeiro, mascarando a origem de valores em crimes como lavagem de dinheiro.
  • Operações de câmbio fraudulentas: envolvem manipulações ilegais em transações cambiais, como uso de documentos falsos, contas de laranjas ou empresas de fachada para transferir dinheiro ao exterior, mascarar a origem dos recursos ou sonegar impostos.
  • Dólar-cabo: operação informal para transferir recursos entre países, geralmente sem passar pelo sistema financeiro oficial podendo envolver métodos mais modernos como o uso de fintechs e transferência de dinheiro para criptoativos.

A Polícia Federal afirma que os novos modelos e instrumentos de lavagem de dinheiro e evasão fiscal permitiram à organização multiplicar seus lucros, passando de operações de milhões de reais para valores na casa de bilhões de reais.

Os investigados devem responder pelos crimes de organização criminosa, ocultação de capitais, com foco à lavagem de dinheiro, e evasão de divisas, com penas que podem chegar a 35 anos de prisão.

Polícia rastreia segundo banco bilionário suspeito de operar para o crime

Esse é o segundo banco, supostamente, a serviço do crime organizado em poucos meses no Brasil. Em outro deles, a Polícia Civil de São Paulo identificou um banco que operou, para o PCC, cerca de R$ 8 bilhões. O objetivo da instituição criminosa era lavar dinheiro do tráfico e financiar políticos e campanhas eleitorais. Tratava-se do 4TBank. A Gazeta do Povo procurou representantes da instituição também suspeita de lavagem de dinheiro, mas não obteve retorno. O 4TBank não tem registro no Banco Central.

Desta vez quem está no alvo da PF é o 2 Go Bank. Segundo o inquérito, trata-se de um complexo sistema bancário ilegal dedicado à lavagem de dinheiro e evasão de divisas para o crime organizado.  

O nome do policial civil de São Paulo investigado pela PF constava como CEO e fundador da empresa em seus sites de internet, mas o nome foi recentemente retirado. Sobre o possível afastamento de suas funções na instituição financeira, a reportagem fez contato com a defesa do suspeito e aguarda retorno.

Nas redes sociais, o 2 Go Bank se descreve como mais que uma instituição de pagamentos. “Oferecemos soluções financeiras e digitais para pessoas, empresas e clubes de futebol, com o objetivo de facilitar o dia a dia das operações. Por meio da nossa tecnologia, realizamos a automação das contas bancárias com a integração de APIs [Interfaces de Programação de Aplicativos] desenvolvidas para atender todas as necessidades dos clientes”.

A instituição afirma que trabalha com “tecnologia, velocidade e, principalmente, segurança jurídica”. A instituição financeira está devidamente cadastrada no Banco Central do Brasil (BCB), o qual foi procurado pela reportagem para tratar sobre as possíveis movimentações atípicas remetidas às autoridades de fiscalização e controle. O Banco Central disse apenas que “não comenta sobre as instituições supervisionadas”.

O empresário delator do PCC, Vinicius Gritzbach, chegou a dizer em um de seus depoimentos ao Ministério Público Estadual de São Paulo que o banco suspeito de também operar para o crime era usado para lavar dinheiro do PCC e que o policial civil teria ligações com membros do Primeiro Comando da Capital.

Entre eles, falou dos dois integrantes da organização criminosa assassinados em 2021: Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, e Antonio Corona Neto, o Sem Sangue. O empresário delator, assassinado no aeroporto de Guarulhos em novembro passado, chegou a ser acusado pela Justiça como mandante das mortes de Cara Preta e Sem Sangue. Ele sempre negou os crimes.

Crime organizado avança sem medo, sem freios e sem fronteiras

Para o especialista em segurança pública Sérgio Gomes, o avanço das organizações criminosas é preocupante e passou, muito rapidamente, a falar em bilhões de reais. “Avançam facilmente diante das facilidades que encontram para expandir negócios e mercados. Já atuam como verdadeiras multinacionais do crime”, reforça o profissional que integrou, por décadas, o serviço de inteligência das forças federais da segurança na região da fronteira entre Brasil e Paraguai.

Ele alerta que a expansão das organizações se intensifica por parcerias com máfias e cartéis pelo mundo, a exemplo do atual envolvimento de um grupo chinês. Recentemente, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, disse que, diante do avanço e da modernização das organizações criminosas, o Estado brasileiro precisa agir e defendeu a implantação da criticada PEC da Segurança Pública. O ministro disse que a segurança pública “necessita de modernização para acompanhar o avanço destas organizações”.

Para Gomes, é essencial haver mais policiamento nas fronteiras, intensificação do combate ao crime organizado, criação de novos e modernos mecanismos de investigação para sufocar financeiramente as organizações criminosas, rastreamento e apreenão de dinheiro. Mas é possível tomar essas medidas sem que o governo federal tente se impor às políticas dos estados. “Não tirar competências dos estados para centralizá-las na União”, completa o especialista.

A PEC vem sendo criticada por governadores, como os do Sul e Sudeste, que em novembro, durante reunião em Florianópolis, trataram da proposta da União. Os governadores se dizem preocupados com o que vem sendo posto e que precisam de contribuição da pasta, mas não de concorrência na segurança pública.

Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/banco-comandado-por-chineses-e-policial-civil-movimentou-ilegalmente-r-6-bi-para-15-paises/

PMs dão depoimento sobre blitz feita a mando de oficial preso por 8/1

d0113 Nessa quinta-feira (9/1), policiais militares envolvidos em uma blitz supostamente encomendada prestaram depoimento à Delegacia de Repressão à Corrupção (Decor), que investiga o caso liderado pelo coronel da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Jorge Eduardo Naime Barreto. O oficial é suspeito de utilizar sua posição para organizar operações contra uma empresária, a pedido do ex-marido dela, em meio a um processo de separação conturbado.

De acordo com as investigações, Naime foi contratado pelo ex-marido como “chefe de segurança” e teria usado a estrutura da PMDF para perseguir a mulher. Documentos obtidos pela Decor indicam que o coronel coordenava monitoramentos ilegais e abordagens intimidatórias, envolvendo policiais em ações direcionadas. Um dos episódios ocorreu em 30 de outubro de 2024, quando o motorista da empresária foi abordado por uma viatura enquanto transportava uma das filhas da mulher e a babá, próximo a uma escola no Lago Sul.

Câmeras de segurança captaram o momento em que Jorge Naime, identificado pelas investigações, coordenava a abordagem. Ele e um comparsa foram vistos se posicionando estrategicamente antes da blitz, que começou logo após o veículo da empresária passar pela viatura. Durante a ação, os policiais exigiram os documentos do motorista, confiscaram temporariamente seu celular e fotografaram a carteira de motorista, enquanto outro policial mantinha a arma em punho. A criança de 5 anos que estava no veículo presenciou toda a cena.

Após a abordagem, Naime foi flagrado conversando com os policiais dentro da viatura. A análise das imagens confirma que ele liderou a ação, com o objetivo de intimidar a empresária.

Jorge Naime também já foi investigado por sua participação nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro em Brasília, que resultaram em sua prisão preventiva em 2023. Acusado de crimes como tentativa de golpe de Estado e danos ao patrimônio público, ele foi liberado em maio de 2024, com imposição de medidas cautelares pelo ministro Alexandre de Moraes, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e recolhimento domiciliar noturno.

Em nota, a defesa do oficial refutou qualquer alegação de envolvimento em atos de perseguição ou intimidação contra a empresária. Afirmou que as funções de segurança foram exercidas em consonância com um contrato formal previamente estabelecido.

A defesa também ressaltou que o contato do coronel com a guarnição responsável por determinada ação teve como única motivação a preocupação legítima com a segurança das pessoas sob sua proteção, não havendo qualquer atitude que pudesse ser vista como intimidação.

Fonte: https://www.metropoles.com/colunas/mirelle-pinheiro/pms-dao-depoimento-sobre-blitz-feita-a-mando-de-oficial-preso-por-8-1

Policial penal atuava como “pombo-correio” de traficantes na Papuda

d0110 Denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), o policial penal Rafael da Conceição Barretto (foto em destaque) facilitava a comunicação de presos do Complexo Penitenciário da Papuda com familiares e comparsas, atuando como um “pombo-correio” para traficantes. Entre as práticas, Barretto entregava cartas, realizava videochamadas e enviava mensagens de voz para criminosos fora da prisão.

Durante as investigações conduzidas pela Polícia Federal, Barretto foi flagrado enviando uma carta escrita pelo detento Macksuel Cavalcante Camelo para Philip Rodrigues Rosa, detalhando instruções para a gestão de bens obtidos com atividades criminosas.

Além das cartas, Barretto permitia que presos enviassem mensagens de áudio. Em um caso registrado em março de 2024, um advogado intermediou a gravação de mensagens de voz de presos para seus familiares, incluindo Macksuel.

O policial também usava seu próprio celular para realizar videochamadas. Em uma ocasião, ele conectou um detento a seu advogado. Em outro caso, Barretto organizou uma chamada entre uma mulher e seu marido preso.

Barretto frequentemente fotografava presos e enviava as imagens para familiares ou comparsas. Ele também permitia que detentos utilizassem seu celular para realizar contatos.

Barretto, que estava na polícia penal desde 2010 e recebia R$ 13 mil por mês, foi preso pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) sob acusações de prevaricação especial, corrupção passiva e comércio ilegal de artefatos bélicos. De acordo com a Polícia Federal, ele recebia vantagens indevidas em troca de regalias oferecidas aos presos.

As investigações apontam que Barretto não apenas aceitava subornos, mas ativamente facilitava as comunicações ilícitas dos detentos, violando normas penitenciárias e ajudando a organização criminosa a manter suas operações fora da prisão. Caso seja condenado, o Ministério Público solicita a perda do cargo público de Rafael da Conceição Barretto, além de outras penas previstas.

Fonte: https://www.metropoles.com/colunas/mirelle-pinheiro/policial-penal-atuava-como-pombo-correio-de-traficantes-na-papuda

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