Um homem suspeito de assaltar um policial penal morreu após se envolver em um confronto armado com a Polícia Militar (PM), na noite desta quinta-feira (30), em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba (PR).
O agente penal, que prefere não ser identificado, disse à Banda B que foi abordado pelo ladrão ao chegar com a esposa em um centro espírita situado na rua Pastor Adolfo Weidmann, no bairro Guaraituba. O casal teria sido rendido pelo ladrão armado ao parar o carro na porta do local.
“Quando eu cheguei, o portão estava fechado e buzinei para abrirem. Achei que ele estava no manual e desembarquei do carro. Deixei minha esposa dentro do carro e o portão abriu. Quando virei novamente para adentrar ao carro, o elemento já me abordou dizendo: ‘Perdeu, perdeu'”, narrou o policial penal.
A vítima relatou que o criminoso tentou revistá-la, mas ela não permitiu e se afastou. Rendido e com as mãos na cabeça, o policial teria pedido que a esposa desembarcasse do veículo enquanto o criminoso entrava.
“Quando ela [esposa] saiu, passou por trás do carro e vi que estava segura, eu fiz o revide. Ele errou as marchas e ainda veio perguntar como dava a ré. Ele estava armado e deflagrou dois tiros contra mim, que acertaram no carro. Ele foi baleado, correu e se escondeu no mato”, acrescentou o servidor.
Mesmo ferido após a troca de tiros com o policial, o suspeito permaneceu escondido dentro do matagal, e a Polícia Militar (PM) fez um cerco na região para tentar encontrá-lo. De acordo com o capitão Ronaldo, do 29º Batalhão de Polícia Militar, o suspeito foi localizado por meio dos vestígios de sangue na mata.
“Durante o patrulhamento, uma equipe da Rotam entrou no matagal e seguiu algumas manchas de sangue. Eles acabaram localizando o indivíduo e tentaram realizar a abordagem, mas ele reagiu contra a equipe e houve um novo confronto”, disse o capitão.
O suspeito foi baleado e morreu no local. Ele não havia sido identificado até a publicação desta reportagem. A polícia não informou se algum agente ficou ferido.
O que se passa dentro de uma unidade prisional? A depender de quem 'está no comando' a realidade dentro de um presídio pode ser cruel e compor práticas criminosas. A reportagem do Diário do Nordeste teve acesso a documentos onde constam, com detalhes, os requintes de crueldade perpetrados por policiais penais na Unidade Prisional Professor Olavo Oliveira II (UPPOO II), em Itaitinga.
Ao invés de ser um equipamento para a ressocialização, o espaço se tornou palco de sessões de tortura, com enforcamento, inalação a gás e pisões na cabeça. Dentro da prisão, internos foram obrigados a beber 'asseptol' e banhados com água sanitária, conforme depoimentos das vítimas.
Quatro policiais penais foram presos sob suspeita de tortura: Pedro Paulo Sales Damata (diretor do UPPOO II), Thiago Phelipe Mariano de Sousa (diretor-adjunto da mesma unidade), Daniel George Abreu Andrade e Eduardo Caldeira Rodrigues. Juntos, eles teriam cometido 18 crimes de tortura, em um dia.
Dezenas de presos foram ouvidos a fim das autoridades aprofundarem as investigações sobre o que até então eram "supostas condutas irregulares que estariam ocorrendo nos últimos dias no interior da Unidade Prisional Professor Olavo Oliveira". Os depoimentos são reveladores e indicam que a prática criminosa havia se enraizado como rotina no prédio.
Legenda:As cenas foram registradas e extraídas do circuito interno das unidades. Posteriormente, os exames constataram as agressões.
Foto:Reprodução
PRESOS ERAM OBRIGADOS A FICAR NUS E DANÇAREM
Detentos do UPPOO II mencionaram a existência de um ambiente nominado pelos policiais penais como “Quartinho do Amor”, local reservado da unidade prisional, posicionado próximo ao parlatório, onde eram realizadas sessões de tortura contra internos.
Constam nos depoimentos que os internos seriam obrigados a se despir e dançar para os policiais penais músicas infantis ou constrangedoras. Um dos presos mencionou ter sido “obrigado a dançar a música Conga la Conga, sempre nu”.
Em outras oportunidades, os policiais penais da unidade teriam mandado os detentos ficarem sem roupa e exigido "uma espécie de encenação teatral, onde um detento ficaria “de quatro” e outros dois detentos ficariam sentados em cima, simulando uma equipe de policiais militares sobre a moto".
Para os investigadores, ficou evidente que os episódios de violência física e mental não são fatos isolados, mas um comportamentos desvirtuados e corriqueiros desses profissionais, cenário que autoriza a conclusão quanto à ofensa permanente à ordem pública por parte desses agentes de segurança".
Questionada sobre as prisões, a Secretaria da Administração Penitenciária do Ceará (SAP-CE) respondeu que "todas as medidas solicitadas pela decisão do Poder Judiciário, nesse caso, foram acatadas e seguidas pelo comando da Pasta, inclusive o afastamento imediato dos referidos policiais penais de todas as suas atribuições no sistema prisional cearense".
A rapidez e eficiência das ações possibilitaram uma investigação correta, célere e transparente das denúncias em questão. A SAP repudia qualquer ato que possa atentar contra a integridade física e emocional das pessoas privadas de liberdade e se coloca à disposição das autoridades competentes para o que for necessário."
O QUE ACONTECEU NOS DIAS 20 E 21 DE SETEMBRO DE 2022
As autoridades chegaram ainda mais perto de desvendar os crimes cometidos dentro da unidade depois dos registros nos dias 20 e 21 de setembro de 2022. Os agentes passaram a ser investigados pela Delegacia de Assuntos Internos (DAI) da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD).
No dia 22 de setembro, a CGD disse que assim que tomou conhecimento da denúncia "adotou todas as providências cabíveis para iniciar a investigação por meio da DAI". A denúncia foi recebida por um juiz da Corregedoria dos Presídios, que realizou uma vistoria na Unidade Penitenciária, com outros órgãos como Ministério Público e Defensoria Pública, e presenciaram indícios de tortura.
A Secretaria da Administração Penitenciária do Ceará (SAP) informou que "todos os internos foram encaminhados para a execução dos exames de corpo de delito"
As cenas foram registradas e extraídas do circuito interno das unidades. Posteriormente, os exames constataram as agressões. Os detentos teriam atendido ao chamado dos policiais, e mesmo assim foram alvos de socos, chutes, chineladas no rosto, agressões com uso de cassetete e tonfa, pisões na cabeça, torção de dedos, enforcamento, inalação de gás de pimenta, ameaças de flagrante forjado, além de terem sido obrigados a se despir e ficarem desnudos até a manhã do dia seguinte, inclusive com as peças de roupas molhadas.
"De fato, após inspeção realizada pelas autoridades nas dependências daquela unidade penitenciária, mais precisamente na Ala de Isolamento, foram identificados diversos presos com escoriações, hematomas e lesões corporais variadas, todas sugestivas de acontecimentos recentes, contexto que em muito emprestou credibilidade às palavras do detento", diz trecho de um dos documentos.
VEJA TRECHOS:
"Como se não bastassem as modalidades de violência mencionadas acima, outras tantas foram relatadas como sendo cometidas naquela mesma noite. O detento Paulo (nome fictício), conforme será melhor explanado adiante, citou que fora "algemado durante as agressões e os agentes o levantaram e colocaram o declarante de cabeça para baixo dentro do tanque de água que fica dentro da cela para os internos tomarem banho”.
O detento Cláudio (nome fictício), por sua vez, mencionou que os agentes “(...) mandaram entrar em procedimento, formaram três filas nus, sentados no chão da cela, com a genitália de um encostando na bunda do da frente e as pernas encangadas no quadril do da frente” (circunstância confirmada também por outros quatro internos)
"ESTAMOS CONCLUINDO A MISSÃO"
A investigação das autoridades registrou que, "após as agressões cometidas contra os detentos da UPPOO 2, ocorridas aos 20.09.2022, fora, de imediato, providenciada a audiência extrajudicial, em sede policial, de 10 (dez) presos, cujos depoimentos são firmes em sustentar que fora perceptível uma mudança de comportamento dos policiais penais daquela unidade penitenciária após a assunção, no início do ano de 2022, pelo policial penal Pedro Paulo Sales da Mata, no cargo de diretor da unidade".
Quanto à presença física do diretor da UPPOO 2 na data dos fatos investigados, os 10 detentos ouvidos em sede policial afirmaram não tê-lo visto no momento das violências praticadas, "embora tenham presenciado nitidamente uma comunicação telefônica entre Mariano e Da Mata, onde o primeiro afirmava que 'Diga, meu Diretor. Você é o melhor. Estamos concluindo a missão '' '.
Após a confirmação dos fatos, os promotores do Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc), do Ministério Público do Ceará (MPCE) destacaram a necessidade da decretação da prisão preventiva, pedindo formalmente os mandados no dia 28 de setembro de 2022. Dois dias depois, o juiz se posicionou a favor das prisões e em 4 de outubro os mandados foram expedidos.
No início desta semana, MPCE e CGD deflagraram a Operação Martírio para cumprir os mandados. Primeiro, foram detidos Daniel e Eduardo. Pedro Paulo Sales Damata e Thiago Phelipe Mariano de Sousa se apresentaram às autoridades nessa quinta-feira (20) e foram presos.
Nas imagens, o delegado Fernando Henrique Justino aparece urinando na rua quando um morador se aproxima para reclamar. "Tem problema? Tem problema?" questiona o delegado.
Eles começam a discutir e o delegado se aproxima do morador.
Alguns minutos se passam e os dois começam a trocar socos na rua, enquanto a mulher que filma a discussão liga para a polícia. Testemunhas alegam que o delegado foi desarmado durante a briga.
Minutos depois o policial militar, que estava de folga, se aproxima do local. Ele tenta intervir na discussão a passa a conversar com o delegado. Mas o agente da civil avança contra ele.
O PM efetua dois disparos contra o delegado. Fernando foi levado ao Hospital Santa Casa, onde foi requisitado exame toxicológico e de embriaguez. O policial civil estava afastado de suas funções por motivos médicos.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que "a arma do PM e do policial civil, que é particular, foram apreendidas para serem periciadas. O caso foi registrado como lesão corporal no 30° DP (Tatuapé). A Corregedoria da Polícia Civil e a Polícia Militar acompanham a investigação".
Um ex-investigador da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) é o principal suspeito de matar o delegado aposentado e advogado criminalista Hudson Maldonado Gama, 86 anos. Ele foi queimado vivo dentro de casa, em Sete Lagoas, município na Região Central de Minas Gerais. O crime ocorreu nessa quarta-feira, 22. A vítima é pai do delegado da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) Hudson Maldonado Filho.
A principal linha de investigação é de que o crime brutal tenha sido motivado por vingança. Informações preliminares dão conta de que o assassino seria um ex-agente de polícia, expulso da corporação em 2006, devido a uma ação defendida por Maldonado Gama, que atuava como advogado à época. No processo, o suspeito do homicídio havia sido acusado de extorquir uma mulher.
Cerca de 18 anos depois, nesta semana, o ex-investigador se vestiu de entregador, invadiu a casa do delegado aposentado, esfaqueou o idoso, enrolou-o em um colchão e ateou fogo à vítima. Maldonado estava com a saúde debilitada em função de um acidente vascular cerebral (AVC) que teve seis meses antes e, por isso, não conseguiu sair da casa. O advogado morreu carbonizado.
São Paulo – O Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo (Sifuspesp) acusa o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) de perseguir agentes penitenciários que usaram as redes sociais para criticar a gestão.
Segundo a entidade, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) abriu “dezenas” de processos administrativos disciplinares (PADs) em retaliação a comentários feitos na internet. O procedimento pode resultar até na demissão do servidor.
O Metrópoles entrevistou dois agentes penitenciários, em condição de anonimato, que respondem à investigação do governo Tarcísio. Em comum, eles relatam só ter expressado opiniões, alegam perseguição política, negam que os posts contivessem ofensas pessoais e afirmam que procuraram o sindicato após descobrir que eram alvos de processos.
Já a SAP, que é chefiada pelo coronel da Polícia Militar Marcello Streifinger, diz que as publicações quebram “regras dispostas no estatuto dos funcionários públicos” e continham “ofensas a autoridades e servidores”.
“Revoltada”
O caso da agente penitenciária Ana (nome fictício) aconteceu em 2023. Na ocasião, ela recebia o piso salarial, havia dado à luz e estava há pouco tempo em licença maternidade
Próximo
Ficar
Close ✕
O comentário pelo qual ela responde a processo administrativo foi em um publicação do Instagram que tratava da diferença de reajuste para a categoria, de 6%, em relação ao aumento de 20,2%, em média, recebido pelas polícias paulistas no ano passado.
“Eu disse que era muito fácil tomar decisões atrás de uma mesa, enquanto a gente se lasca no inferno que é o sistema penitenciário. Aí, marquei o Tarcísio e o secretário”, relata a servidora.
A agente afirma que, à época da publicação, estava se sentindo “muito mal”. Um dos motivos era saber que, no fim da licença maternidade, voltaria a trabalhar em uma cadeia a cerca de 400 quilômetros de distância de casa. “Toda a situação me deixou revoltada.”
“Quando fui chamada na Corregedoria, nem imaginava que o motivo era o comentário que eu fiz. Fiquei chocada. O governo vive em mídia social, mas não aceita que fale dele?”
“Desabafo”
Já o agente penitenciário Mateus (nome fictício), que tem mais de 20 anos de experiência no sistema prisional paulista e votou em Tarcísio, reagiu a um post que citava a nomeação de Streifinger para comandar a pasta. “Vergonha”, escreveu.
“Foi um desabafo e não uma ofensa. Tenho certeza que o secretário é um homem honrado, de caráter e justamente por isso atingiu o topo da sua carreira na PM. Mas o sistema prisional demanda outro tipo de trabalho. Eu quis dizer que, aqui, ele teria dificuldade”, afirma. O comentário também teria sido motivado por frustrações com a condução da SAP ao longo dos anos.
Segundo Mateus, três familiares dependem do seu plano de saúde para tratar doenças graves: diabetes, esclerose múltipla e leucodistrofia metacromática, uma patologia neurológica sem cura. A rede de atendimento na sua região, no entanto, teria sido descredenciada. “Eu já vendi três carros para bancar os custos”, diz.
“O meu desabafo foi de um pai que sofre. Não usei nenhum tipo de palavrão nem acusei ninguém. Até agora não entendo por que estou respondendo a um processo sem ter cometido nenhum crime. Estou completamente sem chão”, afirma. “Isso que a gente tem visto é perseguição política.”
Processo até por charge
O departamento jurídico do Sifuspesp afirma que “analisou os casos” e não encontrou “qualquer elemento que contrarie o Estatuto do Servidor Público”.
“A lei complementar 1096, de 2009, excluiu o inciso I do artigo 242 que proibia o servidor de ‘referir-se depreciativamente, em informação, parecer ou despacho ou pela imprensa, ou qualquer meio de divulgação, às autoridades constituídas e aos atos da Administração’”, diz a entidade.
Presidente do sindicato, Fábio Jabá afirma que ele próprio é alvo de seis PADs e que outros diretores também têm respondido a processos que podem levar à perda do cargo público. “
A SAP tenta implantar o chamado crime de opinião, algo vedado pelos regimes democráticos”, diz.
Outro sindicalista relata que responde até por uma charge que fez. “Em outro, fui chamado para uma audiência na qual indagaram se uma postagem na rede social era sobre o secretário Marcello Streifinger”, relata. “Em 22 anos de SAP, nunca vi uma situação como essa.”
“Quebra de regras”
Questionada, a SAP não informou quantos procedimentos foram abertos em 2023, primeiro ano do governo Tarcísio, e em 2022, ainda na gestão do ex-governador tucano Rodrigo Garcia.
Em nota, a secretaria diz que “não há na pasta qualquer procedimento instaurado por manifestação político-partidária”.
“A gestão está aberta ao diálogo e a receber críticas que contribuam para melhorias para os servidores e ao serviço prestado para a população.”
A Polícia Federal deflagrou, nesta sexta-feira (3/5), a Operação Mandare contra um grupo criminoso que atua em João Pessoa (PB) e região metropolitana.
O principal alvo é um presidiário que negocia cargos públicos em troca de proteção a servidores. A ação ocorre em conjunto com a Polícia Militar do Estado da Paraíba.
A investigação teve início após intensa movimentação financeira do grupo investigado, uma vez que eles se valeriam de “laranjas” para operacionalizar valores referentes às atividades criminosas, especialmente o tráfico de drogas.
Durante as apurações, a PF identificou que um preso do sistema penitenciário estadual da Paraíba, o qual tem posição de liderança em organização criminosa, articulou a obtenção de vantagens em órgão público, notadamente cargos, e em contrapartida oferecia apoio a servidores para entrarem em comunidades controladas ou que sofrem forte influência do crime.
São cumpridos 18 mandados judiciais, sendo sete de prisão preventiva e 11 de busca e apreensão, além do bloqueio em contas bancárias. Cerca de 44 policiais federais e 40 policiais militares participam das diligências.
A coluna apurou que as equipes cumpriram mandados de busca e apreensão nas secretarias de Saúde, Direitos Humanos e Cidadania, e na Autarquia de Limpeza Urbana de João Pessoa.
A Prefeitura de João Pessoa (PMJP) emitiu uma nota afirmando que está colaborando com a PF. “O Poder Executivo Municipal reitera que condena veementemente qualquer tipo de ato ilícito e que determinou a instauração de procedimento administrativo para apurar a responsabilidade dos servidores citados na investigação”.
A ação policial teve o apoio de dados de inteligência e de análise fornecidos pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado na Paraíba, a qual é composta pela Polícia Civil, Polícia Federal, Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal, Secretaria Nacional de Políticas Penais – Senappen, Secretaria de Estado da Segurança e da Defesa Social da Paraíba e Secretaria de Estado da Administração Penitenciária da Paraíba.