Agente do Deppen de Maringá é preso na Operação Money Poup do Gaeco; veja como o esquema funcionava

 A Operação Money Poup, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná, cumpriu 37 mandados judiciais, em Maringá, Sarandi e Santa Fé, nesta terça-feira, 11. A investigação começou em março do ano passado.

Os alvos dos mandados cumpridos nesta terça-feira são oito pessoas físicas e quatro empresas. Durante busca e apreensão na residência de um deles, os policiais encontraram uma grande quantidade de munição importada de forma ilegal. O dono da munição é servidor público do Departamento de Polícia Penal (Deppen) em Maringá e foi preso em flagrante. Ele também é investigado na Operação Money Poup.

A suspeita é de que o agente da Deppen seria um sócio-laranja de uma empresa que recebia informações privilegiadas sobre condutores de veículos a que só a Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Sarandi tinha acesso.

É o que diz o promotor de Justiça Marcelo Alessandro Gobbato:

“De acordo com a investigação, ele é responsável por uma das empresas relacionadas a exames toxicológicos e também confecção de placas veiculares. E, para além disso, figura formalmente como sócio proprietário de uma das empresas envolvidas, mas ele ostenta essa característica como um sócio laranja, um sócio de fachada juntamente com a esposa. [Ele foi preso] Por conta da localização de uma série de munições de uso restrito e também importados em desacordo com determinação legal. Um segundo alvo está sendo ouvido nesse momento, mas ainda não tenho informações completas para passar”, afirmou o promotor de Justiça Marcelo Gobbato.

O esquema que está sendo investigado funcionava da seguinte forma: servidores da Ciretran, com acesso a dados de condutores de veículos, vendiam as informações para despachantes, duas clínicas de exames toxicológicos e uma empresa de placas. Há suspeita de que algumas empresas foram criadas pelos próprios servidores investigados. O promotor dá um exemplo:

“[A partir de] Um usuário do sistema viário que tenha sido autuado por uma multa de trânsito, o servidor [do Ciretran] pegava essa informação confidencial — uma informação que era do banco de dados do Detran — e compartilhava para o despachante com os dados pessoais, inclusive com o telefone celular. O despachante entrava em contato com essas pessoas para poder, então, oferecer os serviços de despachante, de recursos e dessas autuações administrativas”, explicou Marcelo Gobbato.

De acordo com o promotor de Justiça, tem sido apurado o fluxo de informações de documentos indevidos, além da identificação e análise da falsificação de documentos no interior do Detran.

A investigação teve início em março de 2023, quando surgiram as informações de que o esquema teria, aproximadamente, um ano e meio de existência, a partir daquilo que já havia sido apurado. Os lucros exatos da quadrilha ainda não foram contabilizados, mas o promotor Marcelo Gobbato apresenta valores expressivos:

“O que nós pudemos avaliar é que em relação a alguns investigados houve um fluxo de valores bastante expressivo. Como por exemplo, nós temos uma investigada que é uma professora da rede municipal de uma cidade vizinha aqui de Paiçandu, que tem declarações [de imposto] de aproximadamente R$ 30 mil por ano por conta do rendimento lícito e pelas contas bancárias dela circularam em torno de R$ 2,7 milhões. Um outro investigado também tem uma renda lícita declarada de aproximadamente R$ 80 mil reais e circulou nas contas bancárias pessoais um montante de aproximadamente R$ 2,9 milhões. Foram realizadas buscas em relação, inclusive, a essas duas pessoas”, disse o promotor.

Até o momento, a investigação identificou a existência de algumas infrações penais, como corrupção ativa e passiva, falsificação de documentos públicos, violação de sigilo funcional, falsidades ideológicas e lavagem de bens, direitos e valores.

Além do agente do Deppen, preso em flagrante, três servidores públicos foram afastados das funções cautelarmente. Um era assessor parlamentar do vereador Luiz Cláudio Alves, que nesta terça-feira anunciou a exoneração do assessor. Segundo o Gaeco, o servidor atuava na Ciretran antes de ser assessor parlamentar. Os outros dois servidores são da Ciretran de Sarandi e um deles é o chefe da unidade, suspeito de não apenas repassar informações privilegiadas, como também de ser o verdadeiro dono da empresa em que o agente do Deppen aparece como sócio.

O que dizem os envolvidos?

A defesa do chefe do Ciretran divulgou uma nota em que afirma não ter acesso aos autos das investigação, além de relatar surpresa com o cumprimento dos mandados de busca e aprensão na residência de seus clientes, que alegam ser inocentes. Veja a nota completa:

“O escritório Emerson Rogério Farias & Advogados Associados, responsável pela defesa do diretor da 86ª Ciretran (F.L.V.V) e da empresária (E.R.), vem à imprensa trazer esclarecimentos. Na data de hoje nossos clientes foram surpreendidos pelo cumprimento de mandados de busca e apreensão em sua residência e em uma empresa do casal, ocorrida por conta de investigações conduzidas pelo Gaeco. Cumpre expor, que a defesa ainda não teve acesso aos autos da investigação para uma efetiva apreciação do caso, o que já foi requerido às autoridades. Vale ratificar que os nossos clientes investigados, primam pela regularidade de suas condutas, reafirmando que nunca cometeram qualquer ato ilícito, quer seja, na atuação pública ou na condução de seus negócios. De antemão ambos nossos clientes afirmam que são inocentes, o que será provado oportunamente. Por fim, reforçamos que os investigados estão colaborando e a disposição das autoridades competentes para os esclarecimentos necessários”.

O Detran também divulgou nota, informando que vem colaborando com a investigação do Ministério Público do Paraná desde março de 2023, entregando todas as informações solicitadas.

“O Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), por meio da Coordenadoria de Inspeção e Auditagem (COIA), apoiou e subsidiou o Ministério Público do Paraná (MPPR) com informações e relatórios que foram solicitados desde o início da investigação, em março de 2023. O Detran-PR encontra-se com processo investigativo em andamento na Ciretran de Sarandi e continua apoiando todas as etapas da operação, reforçando o compromisso com a clareza, transparência e retidão em todas as ações que envolvem a autarquia. Ainda, o departamento nomeará um interventor gestor para dar prosseguimento nas atividades da Ciretran. Manteremos o fluxo investigativo conforme as informações forem compartilhadas por parte do Núcleo de Maringá do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), para que possamos dar seguimento às apurações administrativas relativas aos envolvidos.”

Fonte: https://gmconline.com.br/noticias/policial/agente-do-deppen-de-maringa-e-preso-na-operacao-money-poup/

Mais de 160 celulares são apreendidos durante operação em presídio de Japeri

 Rio - Mais de 160 celulares foram apreendidos em uma operação da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), na Penitenciária Milton Dias Moreira, em Japeri, na Baixada Fluminense, nesta quinta-feira (6). A ação teve como objetivo combater práticas criminosas realizadas dentro do presídio.
Além dos 163 aparelhos, os agentes também apreenderam roteadores de internet e material supostamente entorpecente. 
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Coordenada pela Subsecretaria Operacional da Seap, Superintendência Operacional e Coordenação das Unidades Prisionais do Grande Rio, a operação contou com o apoio de aproximadamente 200 policiais penais lotados nas coordenações de Gericinó e Niterói, bem como da própria unidade, e do Grupamento Tático Móvel (GIT).

"A operação em Japeri foi mais uma importante ação da gestão no combate à criminalidade. A Seap define as suas operações com base em levantamento de informações e análise de dados, o que tem aumentado expressivamente a efetividade de nossas vistorias", afirmou a secretária Maria Rosa Lo Duca Nebel.

O material apreendido foi encaminhado à 63ª DP (Japeri) para registro de ocorrência e uma sindicância foi aberta pela Seap para procedimento apuratório.
 

Policial penal é flagrado com bebida alcoólica dentro de penitenciária

1 Um policial penal foi flagrado com bebida alcoólica dento da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, no domingo (2/6). De acordo com a nota da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), o policial foi exonerado do cargo de líder de equipe.

Segundo a pasta, a equipe plantonista fez a apreensão da bebida durante o expediente do agente. A secretaria informou que foi instaurado um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) contra o policial.

O material apreendido foi encaminhado para perícia técnica, assim como foi registrado um boletim de ocorrência sobre o caso.

Fonte: https://www.metropoles.com/brasil/policial-penal-e-flagrado-com-bebida-alcoolica-dentro-de-penitenciaria

Governo pede prisão de presidente da APP-Sindicato por manter greve e sugere multa de R$ 100 mil à entidade

presidente-da-app-sindicato-greve-professores-960×842.jpeg A Procuradoria Geral do Estado (PGE) denunciou e pediu a prisão imediata da presidente da APP-Sindicato, Walkiria Olegario Mazeto, nesta terça-feira, 4, após a entidade decidir manter a greve de professores no Paraná. A paralisação dos docentes ocorre devido à tramitação, aprovação e sanção do projeto de lei que terceiriza a gestão administrativa de 204 colégios estaduais.

Documento assinado pela procuradora Mariana Carvalho Waihrich afirma que a greve aprovada pelo sindicato no último dia 25 e iniciada na segunda-feira (3) é “ilegal” e desobedece ordem judicial que suspendeu a paralisação. O Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) suspendeu, no sábado, 1, o início da greve — sob multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento por parte da APP-Sindicato.

“[….] determinará a imediata prisão da sra. Walkiria Olegário Mezeto, atual presidente da APP – Sindicato, pelo crime de desobediência previsto no art. 330 do Código Penal, em razão do não cumprimento da ordem judicial da qual tinha ciência inequívoca e que suspendeu o movimento grevista na data de 01 de junho de 2024 (cujo início seria em 03 de junho de 2024), mantendo todos os atos paredistas, incitando cidadãos verbalmente e através das redes sociais à adesão à greve, e, ainda, com isto, gerando danos ao patrimônio público que serão objeto de pedido de ressarcimento oportunamente”, diz trecho do documento ao qual a Banda B teve acesso.

Ao pedir a prisão de Walkiria, a Procuradoria também declara que a greve vai de encontro com a “essencialidade do serviço de educação” e trata-se de um “serviço indispensável”. O órgão diz que o movimento do sindicato revela “total descaso” em relação à determinação judicial e à multa aplicada.

“O que se seguiu nos próximos dias foram retratos de violência, atos antidemocráticos e terrorismo”, diz trecho do documento ao mencionar a ocupação dos manifestantes ao prédio da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), cujo ato deixou três pessoas feridas e levou outras duas à prisão por depredação do patrimônio público.

“Porém, na data de hoje, 04 de junho de 2024, além de manter o movimento paredista ilegal, a APP – Sindicato incitou até mesmo os estudantes menores de idade, gerando a responsabilidade por deixar os alunos sem aula e, pior, estimulando-os a participar de movimento que poderia ensejar risco à sua saúde física – E SEM A AUTORIZAÇÃO DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS!”, alega a procuradora Mariana Carvalho Waihrich.

PGE pediu ainda que a APP-Sindicato seja multada em R$ 100 mil, valor que deverá incidir desde a data de início da greve.

O que diz a APP-Sindicato

Procurada pela Banda B na manhã desta quarta-feira, 5, a APP-Sindicato disse que a própria entidade, alguns deputados estaduais, a Defensoria dos Direitos Humanos e a seccional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Paraná estão tomando as medidas necessárias para reverter o pedido de prisão (veja a nota na íntegra abaixo).

“Sobre o documento que está circulando nas redes sociais onde o governo Ratinho Jr. pede a prisão da presidenta da APP-Sindicato, Walkiria Mazeto, informamos que a Secretaria de Assuntos Jurídicos da nossa entidade, juntamente com deputados estaduais, Defensoria dos Direitos Humanos e OAB/PR, estão tomando todas as medidas políticas e jurídicas necessárias para o cancelamento imediato desta proposição que não possui qualquer fundamento legal.”

Tudo isso só confirma as atitudes antissindicais e ilegais deste governo, além de sua truculência contra o funcionalismo público, o autoritarismo e o abuso de poder desproporcional do Estado contra a organização dos(as) trabalhadores(as) da educação.

Ressaltamos que a APP-Sindicato tem zelado pelo cumprimento das normas, para assegurar todos os procedimentos e ações da greve.

Continuemos acreditando na nossa luta! Porque se a gente se unir, outra educação é possível!”

Fonte: https://gmconline.com.br/noticias/politica/governo-pede-prisao-de-presidente-da-app-sindicato-por-manter-greve-e-sugere-multa-de-r-100-mil-a-entidade/

Ladrão assalta policial penal na porta de centro espírita e é morto em confronto com a PM em Piraquara

 Um homem suspeito de assaltar um policial penal morreu após se envolver em um confronto armado com a Polícia Militar (PM), na noite desta quinta-feira (30), em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba (PR).

O agente penal, que prefere não ser identificado, disse à Banda B que foi abordado pelo ladrão ao chegar com a esposa em um centro espírita situado na rua Pastor Adolfo Weidmann, no bairro Guaraituba. O casal teria sido rendido pelo ladrão armado ao parar o carro na porta do local.

“Quando eu cheguei, o portão estava fechado e buzinei para abrirem. Achei que ele estava no manual e desembarquei do carro. Deixei minha esposa dentro do carro e o portão abriu. Quando virei novamente para adentrar ao carro, o elemento já me abordou dizendo: ‘Perdeu, perdeu'”, narrou o policial penal.

A vítima relatou que o criminoso tentou revistá-la, mas ela não permitiu e se afastou. Rendido e com as mãos na cabeça, o policial teria pedido que a esposa desembarcasse do veículo enquanto o criminoso entrava.

“Quando ela [esposa] saiu, passou por trás do carro e vi que estava segura, eu fiz o revide. Ele errou as marchas e ainda veio perguntar como dava a ré. Ele estava armado e deflagrou dois tiros contra mim, que acertaram no carro. Ele foi baleado, correu e se escondeu no mato”, acrescentou o servidor.

Mesmo ferido após a troca de tiros com o policial, o suspeito permaneceu escondido dentro do matagal, e a Polícia Militar (PM) fez um cerco na região para tentar encontrá-lo. De acordo com o capitão Ronaldo, do 29º Batalhão de Polícia Militar, o suspeito foi localizado por meio dos vestígios de sangue na mata.

“Durante o patrulhamento, uma equipe da Rotam entrou no matagal e seguiu algumas manchas de sangue. Eles acabaram localizando o indivíduo e tentaram realizar a abordagem, mas ele reagiu contra a equipe e houve um novo confronto”, disse o capitão.

O suspeito foi baleado e morreu no local. Ele não havia sido identificado até a publicação desta reportagem. A polícia não informou se algum agente ficou ferido.

Fonte: https://www.bandab.com.br/seguranca/ladrao-assalta-policial-penal-piraquara/?fbclid=IwZXh0bgNhZW0CMTEAAR2pEefXSKLhjPR1x6Yluezsve8WdgPAfpz3YX29aibFGbPaMuxLBCg4OGc_aem_AfpYr03S6U8Sb-Zcr6ljGpMDNdpGiuFMH1mCi-4KmDeXf7UC2B9r1mvjCMKpGEmd0xDGGRjXn5NXtISTnp6LimFl

Enforcamento e inalação de gás: as sessões de tortura praticadas por policiais nos presídios do CE

detento uppoo2 O que se passa dentro de uma unidade prisional? A depender de quem 'está no comando' a realidade dentro de um presídio pode ser cruel e compor práticas criminosas. A reportagem do Diário do Nordeste teve acesso a documentos onde constam, com detalhes, os requintes de crueldade perpetrados por policiais penais na Unidade Prisional Professor Olavo Oliveira II (UPPOO II), em Itaitinga.

Ao invés de ser um equipamento para a ressocialização, o espaço se tornou palco de sessões de tortura, com enforcamento, inalação a gás e pisões na cabeça. Dentro da prisão, internos foram obrigados a beber 'asseptol' e banhados com água sanitária, conforme depoimentos das vítimas.

Quatro policiais penais foram presos sob suspeita de tortura: Pedro Paulo Sales Damata (diretor do UPPOO II), Thiago Phelipe Mariano de Sousa (diretor-adjunto da mesma unidade), Daniel George Abreu Andrade e Eduardo Caldeira Rodrigues. Juntos, eles teriam cometido 18 crimes de tortura, em um dia.

Dezenas de presos foram ouvidos a fim das autoridades aprofundarem as investigações sobre o que até então eram "supostas condutas irregulares que estariam ocorrendo nos últimos dias no interior da Unidade Prisional Professor Olavo Oliveira". Os depoimentos são reveladores e indicam que a prática criminosa havia se enraizado como rotina no prédio.

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Legenda: As cenas foram registradas e extraídas do circuito interno das unidades. Posteriormente, os exames constataram as agressões.
Foto: Reprodução

PRESOS ERAM OBRIGADOS A FICAR NUS E DANÇAREM

Detentos do UPPOO II mencionaram a existência de um ambiente nominado pelos policiais penais como “Quartinho do Amor”, local reservado da unidade prisional, posicionado próximo ao parlatório, onde eram realizadas sessões de tortura contra internos.

Constam nos depoimentos que os internos seriam obrigados a se despir e dançar para os policiais penais músicas infantis ou constrangedoras. Um dos presos mencionou ter sido “obrigado a dançar a música Conga la Conga, sempre nu”.

Em outras oportunidades, os policiais penais da unidade teriam mandado os detentos ficarem sem roupa e exigido "uma espécie de encenação teatral, onde um detento ficaria “de quatro” e outros dois detentos ficariam sentados em cima, simulando uma equipe de policiais militares sobre a moto".

Para os investigadores, ficou evidente que os episódios de violência física e mental não são fatos isolados, mas um comportamentos desvirtuados e corriqueiros desses profissionais, cenário que autoriza a conclusão quanto à ofensa permanente à ordem pública por parte desses agentes de segurança".

Questionada sobre as prisões, a Secretaria da Administração Penitenciária do Ceará (SAP-CE) respondeu que "todas as medidas solicitadas pela decisão do Poder Judiciário, nesse caso, foram acatadas e seguidas pelo comando da Pasta, inclusive o afastamento imediato dos referidos policiais penais de todas as suas atribuições no sistema prisional cearense". 

A rapidez e eficiência das ações possibilitaram uma investigação correta, célere e transparente das denúncias em questão. A SAP repudia qualquer ato que possa atentar contra a integridade física e emocional das pessoas privadas de liberdade e se coloca à disposição das autoridades competentes para o que for necessário."
Secretaria de Administração Penitenciária do Ceará (SAP-CE)
Em nota

O QUE ACONTECEU NOS DIAS 20 E 21 DE SETEMBRO DE 2022

As autoridades chegaram ainda mais perto de desvendar os crimes cometidos dentro da unidade depois dos registros nos dias 20 e 21 de setembro de 2022. Os agentes passaram a ser investigados pela Delegacia de Assuntos Internos (DAI) da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD).

No dia 22 de setembro, a CGD disse que assim que tomou conhecimento da denúncia "adotou todas as providências cabíveis para iniciar a investigação por meio da DAI". A denúncia foi recebida por um juiz da Corregedoria dos Presídios, que realizou uma vistoria na Unidade Penitenciária, com outros órgãos como Ministério Público e Defensoria Pública, e presenciaram indícios de tortura.

A Secretaria da Administração Penitenciária do Ceará (SAP) informou que "todos os internos foram encaminhados para a execução dos exames de corpo de delito"

As cenas foram registradas e extraídas do circuito interno das unidades. Posteriormente, os exames constataram as agressões. Os detentos teriam atendido ao chamado dos policiais, e mesmo assim foram alvos de socos, chutes, chineladas no rosto, agressões com uso de cassetete e tonfa, pisões na cabeça, torção de dedos, enforcamento, inalação de gás de pimenta, ameaças de flagrante forjado, além de terem sido obrigados a se despir e ficarem desnudos até a manhã do dia seguinte, inclusive com as peças de roupas molhadas.

"De fato, após inspeção realizada pelas autoridades nas dependências daquela unidade penitenciária, mais precisamente na Ala de Isolamento, foram identificados diversos presos com escoriações, hematomas e lesões corporais variadas, todas sugestivas de acontecimentos recentes, contexto que em muito emprestou credibilidade às palavras do detento", diz trecho de um dos documentos.

VEJA TRECHOS:

"Como se não bastassem as modalidades de violência mencionadas acima, outras tantas foram relatadas como sendo cometidas naquela mesma noite. O detento Paulo (nome fictício), conforme será melhor explanado adiante, citou que fora "algemado durante as agressões e os agentes o levantaram e colocaram o declarante de cabeça para baixo dentro do tanque de água que fica dentro da cela para os internos tomarem banho”.

O detento Cláudio (nome fictício), por sua vez, mencionou que os agentes “(...) mandaram entrar em procedimento, formaram três filas nus, sentados no chão da cela, com a genitália de um encostando na bunda do da frente e as pernas encangadas no quadril do da frente” (circunstância confirmada também por outros quatro internos)

"ESTAMOS CONCLUINDO A MISSÃO"

A investigação das autoridades registrou que, "após as agressões cometidas contra os detentos da UPPOO 2, ocorridas aos 20.09.2022, fora, de imediato, providenciada a audiência extrajudicial, em sede policial, de 10 (dez) presos, cujos depoimentos são firmes em sustentar que fora perceptível uma mudança de comportamento dos policiais penais daquela unidade penitenciária após a assunção, no início do ano de 2022, pelo policial penal Pedro Paulo Sales da Mata, no cargo de diretor da unidade".

Quanto à presença física do diretor da UPPOO 2 na data dos fatos investigados, os 10 detentos ouvidos em sede policial afirmaram não tê-lo visto no momento das violências praticadas, "embora tenham presenciado nitidamente uma comunicação telefônica entre Mariano e Da Mata, onde o primeiro afirmava que 'Diga, meu Diretor. Você é o melhor. Estamos concluindo a missão '' '.

Após a confirmação dos fatos, os promotores do Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc), do Ministério Público do Ceará (MPCE) destacaram a necessidade da decretação da prisão preventiva, pedindo formalmente os mandados no dia 28 de setembro de 2022. Dois dias depois, o juiz se posicionou a favor das prisões e em 4 de outubro os mandados foram expedidos.

No início desta semana, MPCE e CGD deflagraram a Operação Martírio para cumprir os mandados. Primeiro, foram detidos Daniel e Eduardo. Pedro Paulo Sales Damata e Thiago Phelipe Mariano de Sousa se apresentaram às autoridades nessa quinta-feira (20) e foram presos.

Fonte: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/seguranca/enforcamento-e-inalacao-de-gas-as-sessoes-de-tortura-praticadas-por-policiais-nos-presidios-do-ce-1.3291484

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